Vale-tudo por dinheiro (e poder)

mas qual deles pode nos prejudicar?

Sempre valeu, a diferença é que, nos dias hoje, nossa sociedade está explicitando aquilo que teimávamos em acreditar ser um fenômeno restrito às platéias do Silvio Santos. Lá, os espectadores do programa – gente humilde – lutam para disputar as notas de R$50 que o apresentador joga para o alto. Continue lendo “Vale-tudo por dinheiro (e poder)”

Em Busca do Tempo Perdido [Marcel Proust, 2001, Companhia das Letras]

Já entrado nos anos (no bom sentido), decidi por me aventurar nos clássicos. Boa literatura não há de fazer mal a um sujeito prenhe de sentimento como eu. Continue lendo “Em Busca do Tempo Perdido [Marcel Proust, 2001, Companhia das Letras]”

Perdas

Em dado momento da história, Lewis, instigado a rememorar uma grande perda, relata sua experiência, aos 9 anos, quando do falecimento de sua mãe. O escritor acrescenta o detalhe banal de que nessa época ele tinha dor de dente e queria o colo da mãe, mas ela não estava mais lá.

Recentemente, esbarrei, na tevê por cabo, com o filme Terra de Sombras (Shadowlands, 1993), obra de especial sensibilidade, com diálogos memoráveis e elenco de raro equilíbrio, liderado por Anthony Hopkins interpretando o escritor C.S. Lewis em seu belo romance com a também escritora Joy Davidman. Hopkins estava afiado. Recém saído de outra grande interpretação em Vestígios do Tempo, filme do mesmo ano, o ator inglês exibe maestria na interpretação de sutis emoções. Um filme grandioso, bem no estilo do diretor Richard Attenborough, abordando temas profundos tais como: felicidade, relacionamento, amor, deus, morte e a perda de um ente querido. É filme para ver e rever.

Em dado momento da história, Lewis, instigado a rememorar uma grande perda, relata sua experiência, aos 9 anos, quando do falecimento de sua mãe. O escritor acrescenta o detalhe banal de que nessa época ele tinha dor de dente e queria o colo da mãe, mas ela não estava mais lá. Continue lendo “Perdas”

O Prefeito Sujo

Deve ser um sujeito empreendedor. Bom de papo. Talvez, até, bom pai de família. Será que a esposa sabe de onde vem a grana? Deve saber, mas não se preocupa. Contanto que a boa vida aconteça, os meios se justificam. O dinheiro deve entrar pelo caixa dois. Pode ser por unidade instalada. Cada outdoor que é erguido lhe garante uma renda mensal. Vejam que não é pouco. Juntem-se todos os painéis de propaganda da cidade do Rio de Janeiro e imaginem a grana preta de que estamos falando. Deve dar para manter um carro importado ou a casa na serra. Assim eu imagino o intermediador que trata de arrumar mais e mais lugares para colocar outdoors no Rio de Janeiro. O sacana se dá bem. A nós, os moradores do Rio, resta conviver com a zorra da sujeira visual espalhada por muros, laterais de prédios, qualquer lugar onde caiba um outdoor. Não sei se causa incômodo em você. Eu, de minha parte, fico puto com essa bagunça. A quem culpar por essa esculhambação? Eu sugiro o prefeito.

Em tempos de campanhas eleitorais passadas, César Maia disse que iria limpar o Rio de Janeiro da porcariada de propagandas que enfeiam a cidade. Isso, claro, foi antes de se eleger. Depois de assumir, esqueceu o assunto. A cidade está encoberta pela propaganda feia e invasiva. É poste, sinal luminoso e os enormes outdoors. O que tem de casa escondida por muros de outdoors! Tem até pontos turístico cobertos pela sujeirada de propaganda. “O ambiente visualmente poluído acaba por causar nas pessoas incômodo e faz com que percamos a capacidade de perceber coisas boas. O espaço público adquiriu outro sentido e muitas vezes falta o bom gosto no que vemos”, diz a arquiteta Heliana Comin Vargas, professora livre-docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (www.drvisao.com.br). Concordo.

Por que o prefeito não se preocupa com o problema? Eu acho que o fator grana é onde a coisa pega. O esperto prefeito tem seus interesses nas eleições. Daí que é bem oportuno fazer vista grossa para a porcaria que estão fazendo nas ruas da cidade. O negócio de lotear o espaço visual da cidade deve render bom dinheiro. A mutreta é antiga. Já escrevemos aqui na época do Conde (aquele prefeito ridículo que dava um bom Rei Momo), mas as sacanagens no Brasil não diminuem, pelo contrário, tendem a crescer e ficar mais e mais profissionais até atingir o limite de tolerância da população. Os outdoors são assim. Por mais que se mostre a sujeira espalhada no cidade, nada será feito. O melhor que pode acontecer é o prefeito esperar terminar a eleição, para, com estardalhaço, tirar alguns painéis que ele mesmo liberou para serem colocados.

César Maia é um perito na arte de ludibriar a atenção da população. Seu estilo está bem definido. Depois que ganha uma eleição, desaparece. Fica procurando alguma oportunidade política na outra eleição que acontece no meio de seu mandato. Se não pinta nenhuma boca, ele prepara um plano que faça bastante tumulto na cidade, um Rio Cidade por exemplo. Esburaca tudo, gasta uma grana com os empreiteiros e faz cara de bobo no sambódromo para enganar o verdadeiro bobo: o eleitor. Aí, ocupa todo espaço que tiver na mídia e tenta se eleger de novo. Um artista. De bobo não tem nada.

Desculpem-me por lhes lembrar mais este atraso social que nos cerca: a proliferação dos outdoors. Para alguns pode parecer sem importância. Mas, nas pequenas coisas aparece o conceito de cidadania. O curioso é que pouco temos a fazer. Alguém sabe a quem recorrer?

Sexo in Rio

Esta é uma transcrição
livre do Querido Diário do americano Johnny B. Good, turista
sexual que veio ao Rio no verão de 2005. Vale a pena apreciar a
sensibilidade do relato do despertar de sua paixão pela Cidade
Maravilhosa.

Depois da semana de trabalho, cheia de intermináveis reuniões com os
brasileiros, desci do hotel para apreciar o mar da praia de Copacabana e,
quem sabe, contratar uma prostituta para relaxar. Era sábado, na semana
seguinte ao Carnaval. Muitos turistas ainda continuavam na cidade,
ajudando a manter a efervescente indústria de serviços sexuais do Rio.

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