Cinemeira
Estamos em meio à Cimeira. O carioca está acompanhando de perto as decisões importantes que sairão do evento. Digo de perto por que os chefes de estado ficam circulando aqui no nosso quintal. Saber mesmo, tem pouca gente que sabe a que veio esta turma toda. Infelizmente, não poderei ajudá-los, eu também sou um dos ignorantes. Se bem que não há por que ficar preocupado. Este tipo de reunião, apesar da pompa, não costuma produzir resultados muito palpáveis. Não que eu queira apalpar nada, mas uma reunião para decidir patrocinada por FHC, não deve ter muito sucesso. Com este anfitrião, a reunião deveria se chamar Emcimeira, um nome reduzido para Congresso dos Em Cima do Muro. O nome tava grande? Baixou para Cimeira? Tá bom, vá lá! Os sintomas que antecederam o evento já não mostraram muita seriedade. A cidade passou por um banho de loja típico de quem quer esconder suas mazelas. Deu-se uma limpadinha nas ruas. Limparam-se os tetos dos túneis (eu nem sabia que eles podiam ser brancos!). Tudo no mais puro espírito de causar boa impressão. Só faltou passar cal nas árvores do Aterro. Pra quem será? Pros cariocas não foi! A cidade também ficou surpresa com a segurança. Soldados do exército nas ruas, sem jeito, segurando uns fuzis enormes, que até então só tínhamos visto na mão dos traficantes. Helicópteros sobrevoando, barcos na orla. Grande organização. Até agora, pelo que vi no jornal, teve um carro que literalmente subiu numa árvore no Aterro e, na Av. Atlântica, o carro da comitiva grega, dentro da política de aproximação entre os povos, aproximou-se rápido demais de um ciclista. Resultado: o rapaz se machucou e teve de ser levado para o hospital. Quase que esqueço que houve uma passeata na sexta-feira, no centro do Rio, que acabou em tiro. Nada de excepcional. Tudo dentro dos conformes. Também ninguém estava esperando melhoria na segurança da cidade. Esta movimentação toda devia ser para alguém importante. Pros cariocas é que não era! E houve também a questão do feriado. Primeiro se soube que seria feriado no dia 28 de junho. Boa notícia. Qualquer besteira que viessem a aprontar na cidade, pelo menos não teríamos que trabalhar naquele dia. Estávamos no lucro. Houve precipitação de nossa parte. O feriado foi cancelado. Começou, então, a campanha para torturar o cidadão. Seria feriado municipal, mas seria facultativo. Seria feriado escolar, mas as escolas privadas poderiam ter aulas. Depois não seria mais isso, seria o contrário. Uma zona! Mas, como sempre, nada de especial. Você não esperava organizar sua vida baseada em informações vindas do poder público? Bem, quanto aos meios de informação, eu, com muito esforço para traduzir a criptografia das mensagens, entendi tudo. Na verdade, o evento importante é a Cinemeira, a estréia de Guerra nas Estrelas. Aquilo que é organização. Lucas mostra mais eficiência no lançamento que no próprio filme. Na televisão você pode saber literalmente tudo sobre pessoas, efeitos especiais, roupas, realmente tudo sobre este projeto para faturar bilhões. Se a Cinemeira foi para receber o George Lucas, foi justa. Talvez venham também Luke Skywalker, Darth Vader. Hum ... um chefe de estado que ia bater um bolão era a rainha Amidala, do planeta Naboo, interpretada por Natalie Porter. Os mais tarados não vão reconhecer mais a ninfeta que trabalhou em O profissional, mas a moça continua bonitinha e usa uma roupas que superam de longe os modelitos exibidos recentemente no cinema pela rainha Elizabeth. P.S.: Por falar em Cinemeira, Casablanca está sendo reapresentado. É um bom filme para se ter como opção à saga de George Lucas. Casablanca teve todo tipo de problema nas filmagens. O planejamento passou longe. Mas a alquimia funcionou e produziu ouro cinematográfico. Para os menos afeitos aos videogames, é a pedida. - Tirésias da Silva - |
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