Há mais de dez anos, Ernesto Friedman escreveu ensaio aqui em Polemikos onde mostrava em linhas gerais o modelo de ganhos financeiros que vem há décadas encantando e extraindo dinheiro de milhares de ingênuos. Alguns espertos dominam as técnicas que Friedman resolveu compartilhar com toda a humanidade. Seu novo livro A Receita – como enganar muitos e sorrir está na Amazon. Vale a pena se aprofundar nas regras para extrair dinheiro dos outros. Se você não pretende se aproveitar dos outros, A Receita serve como um guia para se proteger dos esquemas que os praticantes dA Receita aplicam todo o tempo. Afinal, o modelo dos esquemas dA REceita é radical: ou você conhece e, se quiser, aplica nos outros, ou você será a vítima. Você decide.
Claudio Urubu
Morreu Cláudio Urubu. Quem sabe sabe. Seu nome era Cláudio Azeredo. Muitas notas na internet relatam sua saída de cena. Eu alimentava a esperança de ir a Miguel Pereira para jogar conversa fora com o amigo de juventude. A ideia foi adiada tantas vezes. Não fui. Não vai rolar.
Cláudio era uma figura. Os relatos destacam suas composições em parceria com Raul Seixas. Foram cerca de trinta músicas. Adoro “cowboy fora da lei”, mas Cláudio foi mais que isso. Talvez tenha sido a justa definição do maluco beleza ou um verdadeiro porra louca.
Cláudio tinha característica marcante. Entrava de cabeça no que fazia. Não veio de brincadeira. Fez escola de educação física. Era quase um atleta. Faixa verde de karatê, era bom professor. Deu aula pra mim e outros da Turma do 80. Dominava os katas. Os executava com perfeição. Tinha um pastor alemão super treinado. Por quem? Por ele. Bonito de ver quando o cão encostava no dono para atravessar a rua. Íamos no Jardim de Alah para Alfie (seria esse o nome?) correr e gastar as unhas.
Cláudio pintava miniaturas e tecidos. A garrucha de plástico pintada por ele parecia de verdade e fazia bom papel numa decoração de parede. Não era bom em esportes com bolas. Gostava muito do vôlei, mas não teve o amor correspondido. Era bom para movimentos bruscos. Lhe faltava a leveza para controlar a bola. Tinha competência no xadrez. Quantas vezes não montamos uma mesa de areia na praia do Leblon para jogar em tabuleiro improvisado. Tinha voz poderosa. Era um show de anarquia ele entoar trechos do Barbeiro de Sevilha na madrugada da Afrânio. Bom parceiro na sinuca da praça General Ozório. Não tínhamos dinheiro. A sinuca era diversão certa e barata. Idas ao banheiro para cheirar algum estímulo lhe davam confiança no taco, mas pioravam seu jogo. A sinuca era seguida do protocolar caldo de cana vendido na esquina da Pirajá com Jangadeiros. Era o que bastava. A grana ou a falta dela geravam boas oportunidades para inventar o que fazer. Uma caminhada conversando do Leblon ao fim de Ipanema funcionava como programa da noite.
Era um bom companheiro. Que não se esperasse dele comedimento. Liderava a ousadia nas aventuras na Zona Sul. Era um anarquista. De carro, aprontávamos nas madrugadas. Era criativo. Por que não roubar gasolina dos tanques dos carros estacionados no Bar Vinte se bastava introduzir um tubo no tanque e sugar o combustível para uma garrafa plástica? Mexer com as meninas nos pontos de ônibus? Outras maluquices beleza menos confessáveis foram perpetradas. Um quibe com coca-cola no fim de noite num boteco da Prado Junior ou um pedaço de pizza na Guanabara forravam o estômago antes de ir dormir.
As drogas rolavam. Num verão, a maconha sumiu do mercado, substituída pelo pó, oferecido a preço de ocasião. Eu estava em sua casa quando o pessoal experimentou a primeira carreira. Depois desse verão, as experiências esporádicas com Mandrix e ácido deram lugar ao mercado robusto da branquinha. Cláudio foi fundo nesse formato.
Nossos contatos foram minguando. Eu era o CDF fazendo engenharia da PUC e ele investia forte na criação musical. Cláudio competia com Paulo Coelho na posição de parceiro do Raul.
Cláudio se exilou em Miguel Pereira. Uma vez nos encontramos e me mostrou que lhe faltava um dos dentes da frente. A explicação: uma égua arredia lhe retirara o dente com um coice. Nada de excepcional. Notícias cada dia mais esparsas davam conta que estava criando galos de briga. Como era de seu feitio, acredito que seus animais eram os melhores treinados.
Depois disso, só o contato mais recentes com vídeos de YouTube tratando do roqueiro beleza recluso em Miguel Pereira. E veio a surpresa. Um problema no coração, uma cirurgia, dificuldades posteriores e Cláudio se foi. Que merda, não fiz a planejada viagem a Miguel Pereira.
Dona Cecília Maggessi Neira
Um dia teria que escrever sobre ela. Não é todo mundo que conhecemos pelo nome todo. Li hoje uma crônica do Artur Xexéo sobre uma tia (na verdade, uma amiga de sua mãe) de que se lembrava, de sua infância. E lembrei dela mais uma vez. Quem é ela? Dona Cecília Maggessi Neira. Como consigo lembrar de seu nome completo depois de sessenta anos? Tem um bom motivo. Ela foi minha professora por todo o primário na Escola México, ali em Botafogo, entre a Voluntários e São Clemente. Era de praxe, nas aulas de português, que preenchêssemos o cabeçalho da folha de papel com pauta que receberia nossos garranchos com nosso nome e… o nome da professora. Por certo, o nome de Dona Cecília foi aquele, além do meu, que mais escrevi de próprio punho em toda a vida. Continue lendo “Dona Cecília Maggessi Neira”
Distribuir renda alterando alíquotas de imposto de renda
Tempos de eleições exacerbam a criatividade dos candidatos. Uma das propostas que surgiram nas campanhas de 2018 foi a isenção do imposto de renda para pessoas com renda mensal até R$5.000,00. A ideia é populista e visa diretamente ganhar votos do pessoal de menor renda. É populista pois uma isenção de pagamento de impostos reduz a arrecadação, que já é um problema fiscal do governo brasileiro. E como seria coberta a redução dos impostos? Pergunta tão óbvia não foi respondida. A origem da quantia para repor a renúncia fiscal apresentada não fez parte do discurso dos candidatos. Continue lendo “Distribuir renda alterando alíquotas de imposto de renda”
Presunção de Inocência no Brasil
Acho que entendi. No Brasil é assim. Você começa roubando e deve juntar dinheiro para dar propina e continuar solto roubando. E você vai subindo na cadeia alimentar da canalhada. Quando você é bom mesmo na roubalheira, você entra para a política e passa a roubar os votos dos incautos brasileiros. Se você exagerar, a fama pode levá-lo a ser julgado num Supremo Tribunal. Nesta mais alta corte, um bando de palhaços togados que você mesmo indicou vão retribuir a gentileza e praticar contorcionismos chineses no picadeiro do tribunal para justificar que você não deve ser impichado pois foi eleito pelo povo, que, aliás, foi manipulado pelo dinheiro da propina que você eficientemente distribuiu. Daí, de presumidamente inocente, você passará a inocentado, podendo continuar sua profícua carreira criminosa. Os ladrões são todos inocentes.
Qual a chance de todos os dias do ano você ter amigos que fazem aniversário?
Não esquecer os dias dos aniversários dos amigos é regra de etiqueta a ser seguida. Uma pessoa com rede de relacionamentos de algum porte deve lembrar de cumprimentar seus amigos aniversariantes do dia. Preocupado em não deixar furos, venho preenchendo a informação dos dias dos aniversários dos meus contatos. Sou bastante liberal. Acrescento filhos de amigos, conhecidos, qualquer um que decline sua data de aniversário e tenha um mínimo potencial de ser importante na minha vida. As vezes dou entrada na lista de contatos apenas com nome e data de aniversário. Todo dia, meu calendário informa os aniversariantes da data. Transformei tudo num jogo (o importante é gamificar os processos, não é?) cujo objetivo é eu ter o máximo número de dias do ano com conhecidos fazendo aniversário nessas datas. Continue lendo “Qual a chance de todos os dias do ano você ter amigos que fazem aniversário?”