brasil

 
  Atentado a FHC

Aqui não temos dessas coisas. Os EUA, porém, já tiveram vários assassinatos de líderes políticos importantes e até presidentes. Mas, no nosso coqueiral verde e amarelo, isso não acontece. Do jeito que estamos cada vez mais parecidos com um território sem lei, vez por outra morre um prefeito ou deputado Brasil afora. Mas, um presidente? Nunca assistimos!

Sempre que começam os movimentos reivindicatórios, as passeatas, invasões de prédios públicos, ovos jogados e pauladas dadas em políticos importantes, fico preocupado com a saúde do presidente. Me ocorre o temor que um desempregado desesperado tente uma ação limite e o presidente seja alvo de um atentado. Longe de mim dar a idéia. Estas coisas não resolvem nada. Se é para o Brasil dar o exemplo, ainda acho mais bonito, botarmos pra fora um Collor ou um Pitta. Prendê-los seria o máximo, mas já é pedir demais, nessa nossa terra sem tradição de justiça.

Convenhamos que o clima crescente de insatisfação popular permite extrapolar os acontecimentos dos últimos meses e considerar a possibilidade de assistirmos a algo tão ao jeito americano como um atentado a presidente. Entretanto, depois que estes maus pensamentos me ocorrem, depois pensar um pouco sobre eles, percebo minha ingenuidade. Na verdade, os assassinatos de figuras importantes, quando ocorrem, não são iniciativas isoladas de cidadãos desesperados. O que a gente vem a saber depois, é que foi a ação de algum grupo de poderosos que estava insatisfeita com os outros poderosos encastelados no poder e resolveram dar uma forcinha para provocar mudanças. As vezes, o poderoso do momento não está agindo como o combinado e precisa ser erradicado cirurgicamente do cenário político. Ou seja, o povo, a sociedade, costumam ter participação minoritária ou apenas serem espectadores de ações táticas dos grandes manipuladores do poder. Dizem, por exemplo, que o Collor só saiu quando começou a botar as asas de fora e querer cuspir no prato que comeu. O jovem oriundo das Alagoas quis ter um canal de televisão, controlar a Petrobras, extorquir os grandes grupos financeiros, isto é, começava a mexer com poderes antigos e a pedir coisas que não estavam no contrato do apoio que recebeu para vencer o Lula. Não precisaram nem matá-lo. Pra que criar um mártir? Resumo: foi derrubado e colocado no exílio na Flórida. Este não volta, podem crer!

Pois é, pensando bem, estas coisas de assassinato de presidente não ocorrem por aqui por que não há motivo para isso. Um assassinato de presidente se justifica, se este está agindo em desacordo com a manutenção dos privilégios dos poderosos, está tentando mudar alguma injustiça social crônica, ou outra iniciativa marcante. Vocês vêm isso no FHC? Eu não vejo! Vocês vêm FHC atacando de verdade a corrupção e troca de favores entre deputados e senadores? Acho que não. Talvez, justamente o contrário. O que vemos no dia a dia é o presidente acenando com Lei de Segurança Nacional e dizendo que qualquer manifestação popular é uma conspiração contra seu maravilhoso e bem sucedido governo.

Senhores, depois que pensei um pouco, fiquei tranqüilo. FHC não tem nada a temer. Os costumeiros mandantes de assassinatos não têm nada a reclamar de sua atuação. Podemos dormir despreocupados. Nosso presidente está seguro.

- Tirésias da Silva -


 
  envie agora sua opinião

mais artigos da seção Brasil

Início da página | homepage Polemikos

29maio2000
Copyright © [Polemikos]. Todos os direitos reservados.