Todos  os.
 
Nomes. 

Gustavo Gluto nos falava, em sua última crônica, da imagem da top model Gisele Bündchen espalhada pelos outdoors de Paris. Entretanto, apesar de seu sucesso, alguns franceses nem sabiam que a moça era brasileira. Pois é. Convenhamos que Bündchen não é um nome de família latino. E o Gustavo Kuerten? É o grande ídolo do momento, herói da raça tupiniquim, mas cuja avó ainda fala alemão fluentemente. O mundo se dobra perante nossos temperos raciais! Atualmente está em moda nossa brasilidade chucrute. 

Mas, enquanto nossos Gugas e Pelés fazem sucesso lá fora, aqui dentro, nos dobramos perante uma turma de canalhas. E os nomes são tirados da quadrilha dos irmãos metralha. São Nicolaus, Jorginas e Estevãos. É dose! Será que os pais dessas crianças (é claro que eles foram inocentes um dia) sabiam o mal que estavam gerando dando-lhes esses nomes? Ou será, pobres nomes, que eles também são vítimas dessas criaturas?

Me lancei nesse estudo esotérico! Um misto de lombrosiana cacofonia com numerologia grafológica. Puxa! Na política, encontramos bons exemplos de nomes estranhos. Nossa terra, no passado próximo, nos presenteou com Itamares e Ribamares. E Jader Barbalho? Por que este nome soa mal?  Até um nome bonito como Fernando – como era bonita sua camisa Fernandinho! – foi destruído pelo Collor, que, no Brasil, foi o mesmo que Fujimori para os peruanos. Nossa sorte é que o assalto da versão brasileira foi desmascarado no início. Fujimori durou mais. Mas o nome Fernando é persistente. Não se deixou abater pelo marca Collor e voltou em forma de Fernando Henrique. Este Fernando atual ainda está escrevendo sua história. Sua maior qualidade – a famosa ausência – pode passar para eternidade como seu grande mérito. Muito melhor que a ousadia do Fujimori, não acham?

Outro nome que resiste é Antonio Carlos. Ser carlista é fazer parte da corte do redondo Magalhães, que controla a Bahia como uma sesmaria conquistada na ditadura militar. Da mesma forma, Sarney, o Ribamar, também faz do Maranhão sua fazenda. Os nomes desses personagens de nossa história política, contrariando a constituição (pelo menos a antiga) encontram-se em obras e prédios públicos, reverenciando, em vida, os poderosos. Afinal, o reconhecimento póstumo é incontrolável. Que se garanta a bajulação já! Mas, mesmo sofrendo com o estigma de ACM, o nome Antonio Carlos resiste. Sim, para se contrapor a um ACM, o nome Antonio Carlos também é Jobim. A genialidade do maestro garante o respeito ao nome.

Mas ... deixemos de lado este maldade com os nomes. Foi apenas um truque para escrever um artigo. O Brasil é feito de Joões e Marias. E Josés e Chicos: Buarques e Mendes. Bons e maus. Lalaus corruptos terão seus atos apagados pela grandiosidade de Henfils. Os nomes não têm força para nos fazer. Nós os fazemos a todos. Todos os nomes.

- Ernesto Friedman -


 
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12dezembro2000
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