FHC e a tranqüilidade para influir

Os indicadores do Brasil estão em alta. O país cresce, apesar de nossa vizinha Argentina - com seu crônico problema de paridade com o dólar - continuar alarmando os capitais de todo o mundo, deixando-os paranóicos e respingando cocô na gente. Até o desemprego diminui! Tá certo que ainda tem muita gente desempregada, mas parece que a oferta de empregos aumenta. O sucesso do modelo brasileiro no meio da desaceleração econômica mundial, onde, além da cadela morta Argentina, cães de raça, como os EUA, vêem sua Dow Jones e Nasdaq baterem no chão, é ótimo para um presidente, que começa a articular sua sucessão. FHC tem o legítimo desejo de tirar vantagem do bom resultado econômico e influir na futura eleição presidencial.

Mas, eis que surge um bando de estraga prazeres, liderados pelo eterno Malvadeza e a sempre desnorteada oposição, tentando (e fracassando em) criar a CPI da Corrupção. FHC diz que esta CPI é apenas uma manobra eleitoral, destinada a, nos próximos dois anos, jogar nuvens escuras no seu céu de almirante. Vindo de ilustres figuras como ACM e Jader "20 milhões de dólares" Barbalho, esta CPI deve ter más intenções. Entretanto, eu, o ingênuo, fico ressentido de ter de abrir mão de uma CPI contra a corrupção para dar carta branca a FHC, nosso herói, na condução do destino brasileiro. Pô, por que a gente não pode identificar uns corruptos? Por que aqueles espertos, sejam de que partidos forem, mesmo os do PSDB, não podem ser desmascarados? Sou pouco versado nestas articulações sofisticadas. Sou imediatista. Para mim, é parte do processo colocar contra a parede alguns, quiçá muitos, ladrões.

Por outro lado, esta postura virginal do FHC não me convence. Fernando Henrique sujou as mãos quando gastou metade do primeiro mandato negociando a reeleição com qualquer canalha. Não houve muito escrúpulo, naquela época, para garantir seus objetivos de curto prazo. Agora, este discurso de que "perseguir corrupto é pouco útil" não me agrada. Este pragmatismo junto com o jogo pra torcida, criando uma Corregedoria Geral da União, voltada para investigar a corrupção e a impunidade, colocando uma mulher no cargo, parece puro oportunismo para a mídia. Eu fico com o pensamento simples: "Quero CPI! Quero cabeças para rolar!"

- Tirésias da Silva -


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04abril2001
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