Baixou o rating do Santander! |
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A piada que circula na cidade é
a criação de um movimento nacional contra a obrigação, imposta
pela Ferrari, de que o representante brasileiro na Fórmula 1, o
piloto Rubens Barrichelo, ceda sempre o primeiro lugar ao alemão Schumaker. A proposta do movimento é
pararmos de
comprar ... Ferraris! Boa. Pois é, Fórmula 1 é um saco. Ficar
olhando os carros dando voltas e voltas é o cúmulo da masturbação
mental, que fique claro, sem direito a gozo no final. Bem, as vezes
tem um acidente espetacular para interromper o tédio, mas a rotina é
o vruoooom infindável. Mas, daí, os espectadores, além de gostarem,
acharem que aquilo é esporte, ah, me poupem dessa imbecilidade.
Fórmula 1 é apenas o circo das escuderias e fabricantes competindo,
onde, de vez em quando, um motorista (depreciei, nem chamei de piloto)
se destaca pelo desempenho ao volante. Foi o caso de Senna e do
próprio Schumacher. Barrichelo é segunda linha. Resumindo: rubinho está feliz com seu emprego burocrático que lhe dá
milhões de dólares por ano, Schumacher é melhor mesmo e a
Federação Internacional de Automobilismo está com o pepino na mão
de encontrar uma maneira de explicar a esses torcedores imbecis que
corrida de Fórmula 1 não é atletismo, é circo, é apenas pra ver
os carrinhos rodando e torcer para assistir acidentes grandiosos.
Mas eu acabei me perdendo no que ia dizer. Quero falar é das campanhas. Acho que não vai dar certo a gente boicotar a compra de Ferraris. Mas, por exemplo, está circulando na Internet um chamamento para que os consumidores não usem o celular no dia 7 de julho como forma de pressionar as companhias de reduzir as tarifas. A briga é que aqui as companhias cobram muito mais caro que nos EUA. Acho muito justo. Se a gente não reclamar, não serão as empresas que vão fazer a gentileza de baixar preços ou aumentar qualidade. Vamos à luta, apesar da campanha recomendar que em 7 de julho usemos apenas o telefone fixo. Acontece que o telefone fixo aqui no Rio é monopólio da maligna Telemar. Dá até arrepios incentivar a Telemar. Pois bem, que esse alvo fique para outra campanha. Já que falamos em campanhas da sociedade para defender direitos ou interesses legítimos, me remeto (bonito!) ao ocorrido recentemente com os bancos estrangeiros, que rebaixaram o rating (para os leigos: avaliação) de títulos do Brasil em virtude da possibilidade do Lula vir a ganhar a eleição presidencial desse ano. A história toda pareceu gatunagem de alto nível. Todo mundo está careca de saber que o mercado está longe de ser perfeito. Nosso mercado é pequeno e pode ser manipulado. Os bancos podem interferir no mercado com suas avaliações. E interferem! O objetivo deles é ganhar dinheiro, se existe uma brecha que lhes permite aumentarem os lucros, é pra já, eles a usarão sem culpa. Vejam que operação simples: 1) o banco vende os títulos brasileiros que possui; 2) em seguida, divulga que os títulos do Brasil são mau negócio; 3) os títulos caem de preço devido à avaliação ruim; 4) então, recompram os títulos com cerca de 10% de desconto em relação ao preço inicial e, pasmem, 5) com a cara limpa, dizem que ficaram baratos e agora são bom negócio. Uma maravilha de trambique. É mais grosseiro que o golpe dos cartolas de colocar jogador na Seleção Brasileira para valorizar seu passe antes de vender para o exterior. Lembrem-se que os golpes de bancos estrangeiros são de centenas de milhões de dólares, enquanto jogador raramente chega às dezenas de milhões. Nesse episódio dos bancos, quem ficou mal na foto, foi o Diogo Mainardi que, em sua coluna da Veja, veio com um discurso estranho de que queria mesmo é que os bancos estrangeiros cuidassem bem do seu dinheirinho, aplicando em países com pouco risco e bons lucros. Acho que, no mínimo, o Diogo exagerou no sarcasmo. Mas, como estamos em tempo de campanhas, por que não lançar a nossa. O lema é Vamos baixar o rating do Banco Santander! Polemikos, como instituição de reputação ilibada no mercado financeiro brasileiro está baixando a avaliação do Santander de AAA para BBB. De Associação dos Alcoólatras Anônimos, para Banco dos Babacas Brasileiros. O Santander foi um daqueles que rebaixou a avaliação brasileira. A coisa pegou tão mal, que teve até gente demitida do banco por causa disso. É claro que o Brasil não vai receber nenhuma indenização por danos morais ou coisa que o valha. Fica por isso mesmo. Mas vejamos o que é esta idônea instituição. Nos parece um banco de risco! O Santander é ineficiente contumaz em suas avaliações. Para entrar no Brasil eles compraram o Banespa num leilão onde pagaram 6 bilhões de dólares e o segundo lance foi o do Bradesco: apenas 1,3 bilhões. Quer dizer, os tais competentes banqueiros jogaram fora mais de 4 bilhões que podiam ter economizado nessa compra. Portanto, ou os caras são burros e perdem dinheiro a toa, ou o sistema bancário brasileiro é um bom negócio e vale a pena pagar caro para entrar na ciranda financeira do Brasil. Pô, mas se o sistema financeiro brasileiro é um grande negócio, não pode ficar em risco apenas por que o Lula pode ganhar. E mais, se Lula é um problema, o banco devia ter mais cuidado antes de investir seus ricos bilhões num país tão instável. Como viram, de qualquer maneira o Santander é incompetente. Mas vejam como o brasileiro é mesmo muito bonzinho. O mesmo palpiteiro Santander fez forte campanha para angariar clientes de futuro na Universidade Católica do Rio (Puc-RJ). O banco oferece contas sem custos para os alunos, com o óbvio objetivo de amarrar clientes que, em geral, ou são filhos de papai rico ou daqui a pouco tempo estarão bem empregados e se tornarão papais ricos. Enquanto os bancos achincalham nossa soberania manipulando índices e colocando em risco nosso equilíbrio econômico, ali mesmo na Gávea, os jovens que decidirão o futuro da grande taba brasileira exibem orgulhosos o cartão do Banco Santander. Imaginem se, de repente, estes alunos da Puc resolvessem ficar indignados e fechassem suas contas no Santander. A possibilidade dos jovens mostrarem iniciativas como essa pode parecer inusitada nos dias atuais, onde prevalece o salve-se quem puder, mas, acreditem, os alunos da Puc já foram diferentes e mesmo decididos a defender o Brasil. Mas isso foi antes. Enfim, talvez Diogo Mainardi tenha razão, é melhor relaxar e entregar o dinheiro para o Santander e outros especularem no Brasil e compartilharmos com eles do produto do saque. - Ernesto Friedman - |
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