A Máquina de Moer: Somos Todos Bombyx mori Milla
Kette (millakette@aol.com)
Me causa espanto quando leio defensores do socialismo e do comunismo apaixonadamente fazerem suas afirmações em prol desses dois sistemas econômicos. Meu espanto deve-se a uma razão bastante simples, que seja a clara e alardeada incompetência dos empregados e administradores Estatais e Federais. No Brasil é tido e havido que os que se aventuram nos compartimentos governamentais em busca do mais simples dos serviços é tratado não só com inominável desrespeito e descaso, mas vivencia o melhor exemplo da ineficiência dessa gigantesca máquina de moer vontades, acionada por Big Brother – tão bem descrita na obra de George Orwell, "1984". Amigos, familiares, desafetos, todos têm uma triste história própria ou de terceiros para contar, ilustrando esse fatídico livro chamado "Serviço Público no Brasil" – escrito por nós, o povo Brasileiro, com paciência e revolta, gritos e sussurros... Onde quer que se instale, a "estatização" prova sua ineficiência. Na antiga União Soviética – onde o povo era "dono" de tudo – muito se desperdiçou e sofreu em nome de Big Brother. O solo da parte européia da URSS é tão rico que durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler planejou transportá-lo para a Alemanha através de trens. No último ano de paz do regime Czarista, a Rússia exportou mais de 9 milhões de toneladas em grãos. No entanto, a Rússia comunista necessitava importar comida para alimentar seu povo! A inexistência de pressão de mercado reverte no fato que as indústrias das economias comunistas, como explicaram Shmelev e Popov (1) "tomem tudo o que conseguirem, não importando quanto realmente necessitem, não se preocupando em economizar." Como Thomas Sowell refere-se no livro "Basic Economics" (2), como consequência a URSS necessitava usar muito mais recursos para chegar a uma determinada produção do que um sistema econômico coordenado por preços/custos usaria. Supondo-se que um empreendedor privado – que necessita defender seus interesses perante a concorrência – não é qualificado para administrar uma empresa, por que o seria um funcionário público – que não perde ou ganha absolutamente nada a partir das decisões que toma? No Brasil a falha desse sistema é tremendamente visível na crise energética que o país enfrenta. O governo vai decidir baseado em suas necessidades, interesses e conforme a direção em que os "ventos" políticos soprem, sem preocupações econômicas, mas políticas. O economista Britânico Lionel Robbins definiu Economia como sendo "o estudo da utilização de recursos escassos que têm usos alternativos." Considerando, por exemplo, a distribuição de gasolina, quem terá mais condições de tomar uma decisão correta sobre a quantia a ser utilizada: um burocrata que não tem nada a perder se errar, ou o proprietário de um posto de gasolina, para quem um erro pode ser avassalador? Numa economia livre, o consumidor dita as normas; na economia socializada, o Estado as impõe e os cidadãos são obrigados a segui-las, quer essas cubram suas necessidades ou não. O Brasil é uma economia que se socializa mais e mais a cada dia que passa. Quando se tenta diluir estatais com participação privada, a corrupção é tão grande que o resultado é pior que o estado original. Aí se ouve e lê comentários sobre como o tal de Capitalismo Selvagem (expressão que sempre me causa riso) tira do pobre para dar ao rico e outras baboseiras do mesmo nível. No entanto, o Capitalismo é o único sistema econômico que propicia liberdade de escolha e onde o indivíduo é responsável por suas decisões. Tem se falado muito em Enron. Mas Enron era apenas uma empresa que não afetou um país inteiro, apenas os que estavam envolvidos de alguma forma com sua existência. Obviamente seus empregados e acionistas foram para o brejo quando as ações despencaram na ladeira do NASDAQ! Esse terrível acontecimento, no entanto, atingiu a um grupo de pessoas apenas. Por outro lado, o sistema de aposentadoria dos EUA que já foi para as cucuias há muito tempo, lá por 2020 não terá fundos suficientes para abraçar a todos. Claro está que a abrangência dessa catástrofe será nacional, afetará um país inteiro. Aí é onde as águas do comunismo e do Capitalismo se dividem: uma empresa, por maior que seja, dificilmente terá ascendência sobre um país, enquanto que o impacto da queda de uma Estatal é tremendo. Responsabilidade apavora – como apavora os adolescentes, que sentem-se traídos ao passar da total dependência de papai & mamãe, às garras do mundo. Infelizmente – ou felizmente! – para o adolescente, não há como evitar tal transição. Esse é o momento onde entra em cena o protetor Estado, em seu papel de irmão mais velho, que protegerá e cuidará das nossas necessidades; em troca, pede total submissão, silêncio absoluto e imbecilidade ad eternum, juntamente com uma espécie de estado larval de adolescência crônica. Os seres inseguros e infantis têm interesse em manter-se nesse nível, pois não desejam arriscar-se na selva cheia de surpresas e servem aos propósitos dos manipuladores de massa. O comunismo transforma um mundo cheio de possibilidades numa imensa fábrica de produção de seda, transforma-nos todos em larvas: no conforto dos nossos casulos de seda, a economia comunista nos fornece o mínimo para manter-nos vivos e produtivos. Todos necessitamos o mesmo, produzimos o mesmo, coletivamente não pensamos, apenas produzimos e sobrevivemos. Big Brother decide por nós quando, onde e porquê vivemos. Em retribuição pela obediência absoluta, oferta-nos num eterno estado letárgico de larva imobilizada pela cômoda posição de minoridade... Liberdade traz consigo o risco que é viver. George Bernard Shaw disse a propósito da mesma: "Liberdade significa responsabilidade. E’ por isso que a maioria dos homens a temem." O Brasil, ao que parece, está chegando ao ponto onde o cidadão dá preferência ao conforto de uma utopia, a crença em si mesmo e suas potencialidades. Então, Bernard Shaw estava certo? Será que o Brasileiro quer mesmo ser uma simples Bombyx mori e produzir os fios que se entrelaçarão nos tecidos que cobrem a nova imagem de Lula, de "terno bem cortado, elegante", como o descreveu Nivaldo Cordeiro (3)? (1) The Turning Point: Revitalizing the Soviet Economy, Nicolai Shmelev e Vladmir Popov (2) Basic Economics: A Citizen’s Guide to the Economy, Thomas Sowell (3) Almoçando com Lula Lá, José Nivaldo Cordeiro (texto de 06/05/2002) |
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