Escolha em quem não votar 

 
Escolher em quem votar é difícil. Perante alianças estranhas e passados comprometedores, fica complicado o eleitor escolher quem será o escolhido para premiar com seu voto. Polemikos, ciente da complexidade e nobreza da tarefa, traz aqui algumas informações que possam nortear (ou pelo menos, desnortear) o cidadão indeciso. Apresentamos qualidades que justificam que o candidato seja preterido (para quem não conhece a palavra, queremos dizer: que NÃO votemos nele, ok?). Vejam só estas lembranças, desmemoriados leitores!


Foi Moreira Franco quem, em 1998, escreveu seu nome na história da malversação dos bens públicos. Ele foi o primeiro ex-governador a ser condenado pelo STF depois de ser enquadrado no crime de "uso na publicidade oficial de nomes, símbolos e imagens que impliquem na promoção pessoal de autoridade ou serviço público". Moreira foi condenado a devolver aos cofres públicos R$ 402 mil por ter usado a Imprensa Oficial do Rio de Janeiro para a publicação de 50 mil exemplares do livro Moreira Franco, Ele Governou Para Todos, lançado em 1990, com o objetivo de fazer propaganda de sua imagem. Com esta atitude Moreira mostrou que encara o nosso dinheiro como destinado ao uso próprio. Mesmo assim, Moreira ainda tem prestígio e somos obrigados a ver seu sorriso (chamar aquele esgar de sorriso já é uma grande concessão) espalhado pelas ruas do Rio. Este é candidato certo a NÃO votarmos.


Outro que emagreceu muito (parece que botou uma bola no estômago para diminuir o apetite) foi o Roberto Jefferson. Este candidato, que aparece hoje com as bochechas magras e olhar arregalado, fez parte da tropa de choque do politicamente finado Fernando Collor. É um caso triste de coerência política: ficou com Collor até o final! Para ele, recomendamos o estilo de enterro egípcio, onde os serviçais eram enterrados juntos com os faraós. Toca o Jefferson para a tumba do Collor, gente! Sem voto para ele.


O influente empresário da noite do Rio de Janeiro, Chico Recarey, busca emplacar seu filho como candidato a deputado. O slogan do moço é baseado no incentivo ao turismo. Ao que parece ele não distingue bem "investir no turismo" de "investir em seus negócios em turismo". Como pode um homem ligado ao turismo enfear a orla da Lagoa construindo um outdoor particular em cima de seu restaurante para fazer propaganda de sua candidatura? Este é o sintoma. Para ele, vale tudo se for em causa própria. Menos votos para o filho esperto.


E para presidente, a memória ajuda? O quê as alianças nos dizem dos candidatos? 

Recentemente o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou que foi ‘‘excelente’’ a conversa que teve com o candidato do PPS a presidente, Ciro Gomes. ‘‘Acertamos tudo’’, disse o senador que se envolveu na fraude de votos do Senado Federal. Mas isso não impede Ciro de buscar a aliança com o imperador da Bahia. O gesto do beija-mão do candidato Ciro à presidência foi emblemático. Me revolta o estômago, mas deve trazer votos dos baianos.


Lula aceitou o apoio de Orestes Quercia. O ex-governador de São Paulo é o autor da famosa frase: "Quebramos o estado, mas elegemos o sucessor!" Não é exatamente um primor de aliança. Quercia é o competente político que veio da pobreza para se tornar dono de prédios de apartamentos. Parece que o PT moveu-se muito rápido da posição de intransigência em relação aos apoios políticos para o estilo "casa-da-mãe-joana", isto é, todo mundo põe a mão.


O modesto Serra (só tem cerca de 10% das intenções de votos nas pesquisas) é o candidato do presidente FHC. Realmente, é um carma difícil de carregar. Tanto é que no debate entre os presidenciáveis, quando perguntado sobre o que o governo que o apóia fez com os 150 bilhões das privatizações e ainda deixou a dívida interna bater 700 bilhões, Serra simplesmente deu uma de concorrente ao Show do Milhão e pulou a pergunta. Este sim é um economista competente.

De posse destas decisivas informações, o leitor pode decidir tranqüilo aqueles que vai aquinhoar com seu voto. Vão em paz.

- Ernesto Friedman -


 
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17agosto2002
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