A Categoria

Percival Puggina (www.puggina.org)
colaborador

A democracia, a liberdade de imprensa e a velocidade das comunicações, criaram uma sociedade on-line, na qual um número significativo e crescente de pessoas está a par do que acontece nas suas áreas de interesse. Com grande facilidade, o cidadão comum forma conceitos sobre instituições, grupos sociais e pessoas, a partir das informações que vai recebendo.

Por isso, nunca foi tão importante o zelo pela própria imagem. Empresas gastam fortunas em campanhas publicitárias que, muitas vezes, não estão voltadas para a comercialização de qualquer produto, mas para a construção de um bom conceito perante o público. As campanhas eleitorais evoluíram dos comícios feitos nas estações ferroviárias, ao longo das linhas por onde se deslocavam os candidatos, para uma disputa eletrônica de imagens que começou tendo influência nas grandes cidades e hoje, reduzindo o poder e a influência das lideranças políticas locais, alcança os menores lugarejos.

Nesse contexto, resulta impossível desconhecer que o magistério público rio-grandense, pela maioria de seus membros (a valer o que se observa nas sucessivas eleições para o sindicato da categoria), age como se estivesse na metade do século passado. Escancaradamente partidarizado, mais preocupado com a imagem de uma determinada facção política e com a difusão de sua ideologia, do que com o bem da categoria e com sua própria imagem, o magistério estadual tornou-se refém do atraso, das ambições pessoais e dos compromissos políticos de suas lideranças.

Eu quase diria, na forma do refrão popular, que o que é de gosto regala a vida. No entanto, incumbem ao magistério, dentro da sociedade, tarefas importantíssimas, insubstituíveis e decisivas sobre o destino das novas gerações.

A opinião pública acompanhou a hostilidade do CPERS (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul) a todos os governos que antecederam o atual e presenciou a desmemoriada e langorosa indulgência com que, ao longo dos últimos quatro anos, aceitou que os vencimentos dos professores perdessem de goleada para a inflação. A opinião pública conheceu, durante a campanha eleitoral, a usina de panfletos instalada no sindicato dos mestres rio-grandenses, a serviço da causa governista. A opinião pública fica sabendo, nestes dias, que o sindicato da categoria arregimenta as sinetas e se prepara para ir à luta contra o futuro governo, em busca de um piso salarial condigno. E a opinião pública fica estarrecida, então, com essa falta de amor próprio, e com o pouco caso que a maioria do magistério estadual dedica à sua imagem. Em bom português, está faltando categoria à categoria.


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21dezembro2002
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