Política Monetária: a Economia e o PT 

Está combinado que nós vamos crescer em 2004. Tudo bem, mas o problema não é apenas este soluço já contratado, que mais se assemelha a um espasmo da economia, e sim quando vamos criar as tais condições de crescimento sustentado? O país parece aquele sujeito que se descontrolou financeiramente, entrou no negativo do cheque especial e está apenas esperando a próxima crise para declarar alguma forma "soberana" de "devo não nego, pago quando puder!". O país, como o indivíduo da comparação, está fazendo uma economia de quase 5 % do PIB. Este esforço fiscal é muito maior do que o suportável em virtude das enormes demandas sociais ainda não atendidas e que necessitam de investimento público. Não há ministério que não esteja empurrando com a barriga investimentos urgentes já devidamente dimensionados e que estão sendo contidos em nome da "responsabilidade" fiscal. Faltam obras para as estradas, recursos para o setor elétrico, verbas para a saúde e assim por diante, num rosário de lamentos por parte dos titulares das pastas, que não estão podendo entregar nem um décimo do pretendido.

Bem, então este esforço fiscal está nos habilitando a dias melhores amanhã? Vamos voltar a fazer contas e acrescentar mais algumas informações. A carga tributária está estimada em 37% do PIB. Este percentual está acima da capacidade contributiva da sociedade. Isto significa que, acima deste patamar, aumenta a informalidade e se diminui ainda mais a capacidade das empresas de investir ou, mesmo, de sobreviver. Mas o que estará errado se já estamos arrecadando o máximo em impostos da sociedade e ainda estamos fazendo uma bela economia de 5% do PIB - superávit primário? O problema é que o governo gastou com juros nos últimos 12 meses R$ 153.000.000.000,00 - cento e cinqüenta e três bilhões de reais. A economia de 5% do PIB se transforma em déficit nominal (agora incluindo a despesa de juros ) de mais de 4% do PIB. Então, nós estamos (governo) economizando o máximo, a um custo enorme para a sociedade, apenas para pagar os juros da dívida pública e ainda assim, como resultado, estamos com 4 % do PIB de déficit! 

Está contratado o crescimento de 2004. Não há muita dúvida quanto a essa retomada. Com as contas públicas neste estado, entretanto, será difícil não estarmos contratando também uma nova crise assim que os formadores de opinião - Mercado Financeiro - decidirem que é hora de cair fora após a festa dos juros.

- Mauricio de Nassau -


 
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17novembro2003
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