Mulher do Ano Polemikos de 2006
escolhemos uma metáfora de personagem feminina
- sebastião agridoce -
Buscávamos uma personagem feminina para representar o ano de 2006. Seria fácil se valesse sacanagem. A Daniela Cicarelli ganhava longe. A moça deu na praia e deixou-se filmar, produzindo um best seller (se bem que é de graça) para os fãs do You Tube. Mas a moça tem mérito. Com um pornô soft de qualidade ela inaugurou no Brasil a mídia do vídeo na internet. Os meninos com espinhas na cara se deliciaram com a aplicação da moça aos trabalhos.
Nossa Daniela não esteve sozinha no cenário internacional. Figurinhas como Paris Hilton e Britney Spears criaram o “movimento das sem calcinhas”. Excetuando detalhes higiênicos, também apoiamos a exibição efêmera das partes pudentas do mulherio. Há que se ter cuidado com a qualidade do produto. Também é bom evitar a vulgarização do perseguido vislumbre. O interesse se mantém, ainda há espaço para esta abertura. Apesar de admirar as exibidas, temos preconceito com cachorras e assemelhadas. Até gostamos delas, mas levar nossa indicação é angu demais para o prato das mocinhas.
E Dona Olga? Essa velha foi notícia quando se cansou de um mendigo do bairro, que enchia o saco dos passantes. Foi passear com o cachorro, o mendigo a incomodou. A idosa não teve dúvida, no mais puro estilo bolsonaro de ser, meteu bala no esfarrapado. Sem dúvida, é heroína digna do troféu Murici do ano. A velhota se empolgou, passou a dar entrevistas, defender a pena de morte em versão expressa, matar bandido etc. Rejeitamos essa doida para nossa indicação.
No cenário político o destaque ficou com a deputada que dançou no plenário depois de fazerem pizza das acusações contra deputados trambiqueiros. Nem me lembro de seu nome. O que é muito bom. O povo também a esqueceu. A dançarina perdeu a eleição. Também perdeu nossa votação para destaque feminino de Polemikos.
Teve Heloisa Helena, a musa do Senado. Candidata à presidência, apresentou discurso romântico comunista, pregando que em seu governo tudo seria resolvido. Não explicou como. Quando explicou, ninguém entendeu. Fez sucesso exibindo a barriguinha nos debates. Se ela posar nua na Playboy garantimos o troféu Polemikos do ano que vem para ela. Vamos aguardar uma atitude da senadora.
Ainda na política, uma ausência preencheu o anseio de todo o Estado do Rio de Janeiro. Vibramos com o enterro político de Garotinha e marido. Sua saída marcou o ano. Ela saiu por cima. Só de propaganda, para dizer que estava indo embora, gastou 6 milhões do nosso dinheiro. Uma pilantra! Torcemos para estar livres do casal. É coisa para comemorar. Entretanto, nem pensar em conceder a ela os louros de Polemikos.
E nada de encontrar a musa para o ano de 2006. Depois de muito reme-reme, optamos por dar um tom metafórico a nossa escolha. Escolhemos como personagem do ano nada menos que a Polícia Militar. Sim, a instituição. Aquela que está mais suja do que pau de galinheiro. A PM é uma prostituta institucional, jogada na vida fácil da corrupção pela própria sociedade que espera que ela lhe dê proteção. Será que somos tão ingênuos de achar que o PM vai ficar asssistindo os bacanas no bem bom, cheirando cocaína e fumando maconha enquanto ele corre atrás dos traficantes no morro? Vendo deputado aprontando e aumentando o salário em 90%? É ruim!? Afinal, se é para viver com menos que mil reais de salário e ficar todo dia sujeito a levar tiro, é melhor virar bandido fardado. Assim criou-se esta entidade depravada que chamamos Polícia Militar. Pela quantidade de militares envolvidos em assaltos podemos considerar a PM como mais uma facção criminosa. Caindo na marginalidade, os policiais realmente ganham muito mais que seu mísero soldo. Mas como disse o finado Milton Friedman, não há almoço grátis. Se aumenta o lucro, aumenta o risco. Ser PM é conviver com o risco. No Brasil, a taxa de mortalidade na população em geral foi 26,7 por 100 mil habitantes (em 2000, fonte Ensp). No mesmo período, as mortes por agressão na Polícia Militar do Rio de Janeiro chegaram a 356,23/100.000 – mais de 13 vezes maior do que na população geral. Sem dúvida, um emprego arriscado.
No final do ano, surgiu um travesti para competir com a polícia prostituída. São as milícias. Estas resolveram acabar com o modelo de ladrão pagando a polícia. O novo negócio é retirar o ladrão e a polícia do processo e ficar com todo o lucro e atividades. Em troca de proteção, a milícia cobra imposto, controla a distribuição do gás e, com o tempo, vai assimilando os negócios dos traficantes e afins. Uma maravilha de cenário futuro para a sociedade carioca e brasileira. Se a milícia continuar crescendo deverá disputar o prêmio de Polemikos no próximo ano.
Ficamos por aqui. Basta de lamúrias. Está eleita como destaque de 2006, a musa feminina de Polemikos: a Polícia.
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