Voadeira
Mônica Salmaso

Extremo Lirismo

Sinto uma grande felicidade quando descubro um novo talento. Seja ele um ator, um músico ou um escritor. Isso me faz muito bem e combate meu assumido pessimismo em relação ao que vem acontecendo ultimamente, principalmente no Brasil, em relação à arte. É tanta coisa medíocre, pasteurizada e produzida com baixa qualidade, que dá desgosto. Por isso é que eu até me animo quando surge alguma coisa nova. Nova e boa.

Minha mais nova descoberta foi a cantora Mônica Salmaso. Apesar te ter lançado agora seu segundo CD, eu só conhecia sua voz pela participação no ótimo disco Eduardo Gudin & Notícias dum Brasil. Naquele trabalho, sua voz já se destacava no quarteto responsável pela parte vocal do trabalho. Aliás, Gudin, muito sabiamente, nos privou de ouvir sua voz isoladamente. Com isso, aquele disco ficou muito mais saboroso.

Pois eis que, meio por acaso (parece que é sempre assim com as boas surpresas), me deparo com o CD Voadeira, de Mônica Salmaso nas mãos. Seu nome pareceu-me familiar, mas não liguei-o imediatamente ao disco de Gudin. Apenas quando ouvi a primeira faixa, lembrei-me dessa voz que tanto me chamara a atenção. Não pensei duas vezes e comprei o CD, ansioso para chegar ao carro e começar a ouvi-lo.

Como se não bastasse a linda voz, o repertório é irrepreensível, passando por Caymmi, Chico Buarque, Herivelto Martins, Vinícius e Tom. Mas pra não ficar só nos grandes mestres ela também passeia por Fátima Guedes, Itamar Assunção e Ná Ozetti.

É difícil encontrar um ponto alto nesse trabalho. Há duas canções de Paulo César Pinheiro. Senhorinha, em parceria com Guinga e Juparanã, com Joyce. A primeira é de uma sensibilidade extrema, com acompanhamento ao violão do ótimo Paulo Bellinati. É importante registrar a excelente gravação de Ave Maria no Morro, de Herivelto. Nela, o piano de Benjamim Taubkin é pelo menos soberbo. Aliás, o time que a acompanha nesse disco é de primeira.

A produção de Rodolfo Stroeter e o projeto gráfico de Marcílio Godoi tornam o trabalho ainda mais delicado. Impossível não gostar. Tanto que ao descobrir, pela Internet, que há um primeiro disco dela (Trampolim), não pensei duas vezes e o encomendei. Estou agora ansioso para que chegue logo. Sei que, mesmo que ele tenha apenas dez por cento da qualidade deste Voadeira, ainda assim eu vou gostar.

Mônica venceu o prêmio VISA de MPB de 1999 e isso viabilizou a produção desse CD. Que bom que esse tipo de iniciativa aconteça, propiciando a artistas como ela, que saiam do ostracismo e possam produzir um trabalho tão belo. Enfim, um disco de extremo lirismo.

- Arnaldo Heredia -


 

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05outubro2000
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