Relações sexuais entre as nações Psicanalistas e economistas de todo o mundo se reuniram em Juiz de Fora, no fim de semana passado para participarem do primeiro Fórum Internacional para Relações de Poder entre Nações. O evento não chamaria tanta atenção fora dos meios acadêmicos se não estivesse no programa o tema polêmico e controverso das chamadas "Demonstrações de intenção do Brasil em abraçar a causa globalizante". Depois que o instrumento das cartas de intenções teve seu uso esgotado pelo excesso de emissões, seguidos de mesmo número de descumprimentos, as ditas demonstrações passaram a ser a ferramenta de rotina para as instituições internacionais cobrarem (ou extorquirem, como consideram alguns) ações do governo brasileiro. O Dr. Alberto Smith, do IBJE, expôs com farto material de pesquisa de campo, o usual comentário da imprensa e instituições estrangeiras recomendando que o Brasil ceda uma ou outra área da sua economia de modo que o capital internacional possa, generosamente, se estabelecer no país. Uma citação típica foi expelida pela analista da empresa de consultoria norte-americana Baars&Tenders, que sugeria, durante a crise do dólar em fevereiro de 1999, como gesto para atrair a confiança do instituições financeiras mundiais, "... a privatização imediata do Banco do Brasil, Caixa Econômica e Petrobrás". Dr. Alberto reforçou que este repasse para o exterior de negócios e patrimônio da ordem de 1 trilhão de dólares foi sugerido pela cretina analista apenas como uma atitude, um gesto, um aceno de boas vindas ao capital estrangeiro. Em seguida, o economista Lenildo Wesson, da Universidade de Campina Grande, em sua breve apresentação, descreveu o processo de privatização brasileiro como totalmente equivocado, na medida em que o país não tem poupança para herdar a economia originariamente estatal. O governo, permanentemente em débito para com as fortes instituições internacionais, tem que dar prioridade aos pleitos dessas mesmas instituições, em detrimento das demandas da população, usualmente chamadas de "mero detalhe". O fechamento do Dr. Lenildo causou impacto: "Privatização no Brasil é um eufemismo para passagem para o controle externo. O processo, segundo está sendo executado, só tem eficiência para assegurar nossa posição como quintal do cenário econômico mundial no próximo milênio." Após a grande quantidade de números trazida pelos Dr. Smith e Wesson, seguiu-se a apresentação mais subjetiva do psicanalista empresarial Dr. Mailson Dabrecha, conceituado apaziguador de processos de fusões e aquisições. Dr. Mailson mostrou como o discurso das concessões infinitas, professado pelas organizações econômicas em posição de força, tais como o FMI ou grandes conglomerados mundiais, é insidioso e tende a ser assimilado pelo público interno de um país aculturado. A decorrência natural, declarou o pesquisador, é se assistir a imprensa da área econômica usando indiscriminadamente o discurso do "vamos dar logo que estes caras são muito insistentes". A platéia do auditório do Centro de Exposições de Juiz de Fora experimentou momentos de êxtase quando Dr. Mailson, com grande perícia, introduziu a comparação dessa chantagem internacional para um governo afundado em dívidas, como é o caso brasileiro, com a negociação que se dá entre o estuprador e a vítima, quando esta se encontra sozinha imprensada contra o muro de uma viela escura. Grande salva de palmas epocou no auditório com a tirada final de Mailson: "Nossa dúvida, senhores, é se o governo, assistindo a esta violência sentado em cima do muro, não interfere por incompetência ou por que tira algum prazer do ato praticado." - Ernesto Friedman - |
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