Bode Velho ...
Cena 1: Elevador, duas pessoas. Quarentão, nem feio nem bonito, meio bobo, olhar espichado para menina bonita, entretida com o som do walkman, lata de Sukita na mão, bebendo pelo canudinho. O "coroa" tenta começar uma conversa. Quando a menina lhe dá atenção é para pedir: Tio! Por favor, aperta no vinte pra mim! Desapontamento geral no rosto do coroa babão. Cena 2: Garotão, cerca de 18 anos, na escadaria de uma - presume-se - universidade. Chega uma Blazer, mulher dirigindo, idade indefinida. Os colegas, debochando: Aí hem, mamãe vem buscar? O rapaz entra no carro, beija sua namorada. Sua "coroa". Voz em off comenta algo como: Para novos costumes, novos carros! Cena 3: Debora Secco, a musa do momento, capa da Playboy, 19 anos, casou-se, está junto ou namora senhor 18 anos mais velho. Parece que não há senso comum para adjetivar as relações entre pessoas de idades distantes. O quarentão da primeira história não foi mostrado como tarado. Apenas bobo. Mas também não mostraram um tipo Harrison Ford. Aí ficaria difícil apresentar o desdém da menina, já que o Indiana Jones também é muso das adolescentes. Do lado das mulheres, estas, cada vez mais tendo acesso ao charme proporcionado pelo dinheiro, fama e poder (ou combinações dessas coisas), estão botando as manguinhas de fora, as perninhas também, e coxas, e tudo mais, e partindo céleres, como viris amazonas, para garimpar meninos desprotegidos. As mamães que tomem cuidado e protejam seus filhinhos das ... outras mamães. No final, apesar de uma aparente indecisão das opiniões, a tendência do final de século e início de milênio é acelerar o salve-se quem puder. Você tem? Então compre, seduza e se lambuze. Os e as sexólogas já se anteciparam para dar suporte às arremetidas de ambos os sexos, enquanto mais maduros, sobre a juventude inexperiente (horrível!). A justificativa é de que o homem mais velho, com sua longa trajetória, tem mais técnica para esperar o orgasmo da jovem que desabrocha. Do mesmo modo, a mulher madura, com seu prontuário, pode controlar e acompanhar o precoce surfista. Tudo se ajusta. É como João Ubaldo relembra lá pras tantas do seu livro "Luxúria": Pra bode velho, cabra nova! De repente, a teúda e manteúda vai ocupando seu lugar na sociedade. Sai do apartamento alugado em outro bairro para a posição de primeira dama. As artistas famosas, outrora musas, agora, ainda famosas, mas não tão musas, ostentam fãs novos a tiracolo. As universitárias desfilam com senhores de cabelos grisalhos que lembram seus pais, exceto pelas liberdades que tomam ao acariciá-las. Bela época! Talvez seja mais um preconceito que se cala. Ou mais uma valorização pessoal que se quantifica. Mais um pouco de poder que se explicita. Ora, os gregos também cultivavam o hábito de terem amantes jovens. Mas era homossexualismo. Aí a história é outra! Ou não? - Ernesto Friedman - |
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