O odioso teste do DNA


   

Chaplin foi o primeiro e talvez o mais famoso. Mas o teste foi de sangue. O exame deu que o filho não era dele, mas a justiça da época não aceitou. O famoso Carlitos foi obrigado a pagar pensão até o falso filho completar 21 anos. Com o tempo, a coisa se sofisticou. Hoje, o teste do DNA informa, com precisão estatisticamente perfeita, se o filho é seu. Enfim, depois de séculos de angústia, a pretensão masculina pode ser cientificamente confirmada. Mas, nem tudo são flores para o ego dos pais. Nem sempre os homens têm interesse em assumir os pimpolhos. Aí entram as mulheres. Elas souberam, em tempos de pouco emprego e estímulo geral à boa vida, desenvolver a expertise em usar sua fertilidade para conquistar o luxo às custas do pobre macho rico ejaculador. Que fique claro: dar golpe em rico (de preferência, muito rico) não é prerrogativa das mulheres. O garotinho assediado e, provavelmente, bolinado por Michael Jackson, extraiu-lhe um acordo de 20 milhões de dólares. O lado comunista do cantor, que gosta de criancinhas, custou-lhe uma boa grana. Mas, fiquem tranqüilos, sobrou-lhe muito dinheiro para manter o parquinho que tem funcionando em casa.

Mas, falávamos no uso torpe do exame de DNA. No Brasil, popularizou-se o golpe do papai-mamãe. Quantas (autodenominadas) "modelos e atrizes" foram premeditadamente displicentes e engravidaram de jogadores de futebol. Resultado: conseguiram uma boa pensão para manter "o padrão de vida do filho do craque". Essas incubadoras profissionais estão cada vez mais eficientes. Já deve haver curso para mulher saber em que hora vai ovular. É tiro e queda. Queda no saldo bancário do gozador, é claro.

Mas as amazonas não montam só em jogadores de futebol. Boris Becker também caiu no golpe. O tenista andou espalhando que uma modelo russa tinha ficado grávida dele depois de conseguir o esperma através de um coito bucal (é assim que está no Aurélio!). Mas, no final, o alemão reconheceu que tudo se passou da maneira usual. Ele apenas teve um intercurso rápido na lavanderia de um restaurante. Como é usual nos gozos dos ricos hoje, custou-lhe caro: 5 milhões de dólares para a serelepe russinha pelos 5 segundos de prazer que ela lhe proporcionou.

No rock and roll, o Brasil lidera o ranking de trambiques. Luciana Gimenez fez os ingleses se dobrarem à precisão ovular brasileira. Não sabemos a posição em que o ato se consumou e se Mr. Jager se dobrou, mas ele, contumaz vítima de mulheres férteis, paga hoje cerca de US$ 30 mil mensais para seu pimpolho ser criado num padrão, digamos, razoável. Acelera Gimenez!

E o high-life brasileiro? Não podia ficar para trás. É a própria novela das oito. Níveis baixíssimos! A família Catão surpreendeu o Brasil com o caso do tio que era pai. A mãe teve um caso com o cunhado. Como paternidade não prescreve, depois que pai e tio morrem, a mãe arisca e o filho ingrato decidem se lembrar da pulada de cerca ocorrida 50 anos atrás. É claro que o sobrinho-filho tocou este rebú por uma causa nobre: os milhões da herança do tio. É a tal da lei da compensação. Ele fica mais rico, mas, em compensação, o povo fica sabendo que ele é um filho da puta.

E assim, além de espermatozóides lançados imprudentemente por aí, algumas perguntas são lançadas ao vento: Será o teste do DNA parte de um complô da ciência para acabar com o direito inalienável do homem heterossexual satisfazer suas necessidades e sair ileso de suas aventuras? Será o amor homossexual menos arriscado em termos financeiros? Será que rico não usa camisinha? Como testar a camisinha para saber se a companheira não tomou o cuidado de furá-la antes?

- Ernesto Friedman -

 
 

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22abril2001
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