Seus amigos, seus vizinhos Your friends & neighbors

 
 

Vida real

Há quem vá ao cinema para se divertir. Para rir, dar gargalhadas. Há os que gostam desses filmes em que alguns adolescentes passam por situações tétricas, com muitas mortes e sangue jorrando pela tela. Minha filha está nessa fase. Há ainda os que vão ao cinema para se emocionar, para chorar, para contemplar uma bela obra de arte. Todos eles, vão ao encontro da magia que o cinema pode nos oferecer. Vão em busca de sonho e fantasia.

Quem for assistir ao filme Seus amigos, seus vizinhos (Your friends & neighbors), de Neil LaBute, não vai encontrar nem sonho nem fantasia. Vai ver na tela a vida real. Até aí, nada de mais. Woody Allen, por exemplo, é um mestre na arte de mostrar a vida real com emoção e picardia. Não há, porém, em Seus amigos, seus vizinhos nenhum toque de humor ou sensibilidade. A vida real é mostrada nesse filme com tudo que ela tem de medíocre.

Mas uso o termo medíocre, sem a carga pejorativa que ele adquiriu nos nossos dias. Uso medíocre como mediano, comum, regular, ordinário, ou seja, sem graça. Como qualquer vida pode ser. O filme aborda temas como traição e prazer, como se o primeiro fosse o único recurso para se alcançar o segundo e como se o segundo fosse inatingível. E nesse ponto acerta, já que não há prazer que se atinja sem uma pitada de emoção e fantasia. Ele mostra como homens e mulheres podem ter vidas banais e atitudes completamente sem glamour. Exatamente como na vida real!

Há uma cena muito bonita, que é o beijo entre as atrizes Catherine Keener e Nastassja Kinski. Mas a cena é curta e o filme logo retoma aos trilhos e não se deixa mais desviar da rota. Pra não dizer que não há absolutamente nenhuma pitada de magia ou sedução, há a beleza de Amy Brenneman, a mesma atriz que foi abandonada no carro por Robert De Niro no filme Fogo contra fogo (Heat). Para aqueles que como eu, são fissurados por atrizes belas, talvez o filme valha a pena.

Neil LaBute já foi acusado de misoginia, ou seja, aversão a mulheres. Com esse filme, talvez ele vai provar que tem aversão a cinéfilos.

cotação:

- Arnaldo Heredia -
colaborador

 
 

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28novembro1999
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