Filme: Gladiador, Ridley Scott
cinema
Gladiador
Gladiator
bom filme, mas Spartacus é melhor
- ernesto friedman -
O manual de cinema recomenda que o clima de um filme seja definido no início. Seguindo o regulamento ao pé da letra, Ridley Scott nos oferece, no começo de Gladiador, uma antológica seqüência de batalha. A tensão que antecede o embate em que os romanos esmagam os bárbaros germânicos é apresentada com coreografia e texto solenes. Uma verdadeira cerimônia de guerra. Ridley Scott utiliza o polpudo orçamento para, com milhares de figurantes e, naturalmente, computação gráfica, produzir cenas impactantes do inferno de uma batalha com flechas incendiárias, lanças e espadas. O melhor que a tecnologia de guerra do império romano podia produzir naquela época. O velho césar Marco Aurélio, em uma colina, assistindo os soldados se trucidarem, tem a beleza estética das batalhas desenhadas por Kurozawa em Kagemusha.
Mas o começo do filme acaba e Scott não tem mais nada de novo a nos oferecer. A continuação da história é uma clara mistura dos roteiros de Ben-Hur e Spartacus. A nobreza de caráter do herói; a traição de quem devia ser nobre; o companheirismo dos camaradas de luta; o amor impossível, são os recheios comuns, mais uma vez repetidos para construir um épico da Roma antiga. O general Maximus, nobre como Ben-Hur, é traído e tornado escravo, como Spartacus. Torna-se um gladiador invencível, como Spartacus, traça um caminho de volta para Roma, não para participar de uma corrida de bigas, como em Ben-Hur, mas para vencer na luta de gladiadores, como em Spartacus. É tudo cópia descarada, mas, não sejamos exigentes, apesar de ser apenas uma reedição turbinada por efeitos especiais dos grandes épicos de 40 anos atrás, Ridley Scott soube aproveitar bem o filão dos heróis de Roma e fez um bom filme.
Os personagens de Gladiador foram bem tratados pela produção. Russell Crowe, que, depois desse filme, virou figurinha carimbada de Hollywood, faz um bom sofrido general que vira escravo. Ele já mostrara qualidades interpretando o cínico ciborg de Assassino Virtual (Virtuosity). Destacou-se em LA - Cidade Proibida, deu show em O Informante e, agora, tem sua chance de ficar entre os primeiros da corrida dos campeões de salários do cinema. E Gladiador traz mais gente boa de cinema. Richard Harris é um convincente Marco Aurélio terminal. Joaquin Phoenix – aquele garoto abusado por Nicole Kidman em To die for – faz um atormentado, perverso, pouco masculino e incestuoso Commodus, que atormenta e assedia a bela irmã Luccila. O parceiro negro do gladiador é o escultural Djimon Hounsou, que fez o chefe africano de Amistad. O dono dos gladiadores – a nova versão do árabe dono dos cavalos em Ben-Hur – é o último trabalho da longa carreira de Oliver Reed, que faleceu de ataque cardíaco em maio de 1999. Haja citação!
Ridley Scott não brilhou em criatividade dessa vez, como em Blade Runner e Alien – o Oitavo Passageiro, mas fez seu trabalho com aplicação. Gladiador é longo como um épico tem de ser. Mas a gente sai satisfeito. Pouco adianta eu ficar falando de Spartacus, a maioria da garotada que está aí nem viu essa maravilha de Stanley Kubrick. Então, como sempre, o cinema acaba em pipoca e coca-cola. Os milhões fluindo para a indústria de cinema americana. Ou seja, tudo como deve ser!
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