Filme: Os Outros, Alejandro Amenábar


 
 

cinema

Os Outros The Others

Estranhos ruídos no andar de cima

- ernesto friedman -

Os Outros conta a história de Grace (Nicole Kidman), sofrida mãe de um casal de crianças que sofre de uma doença muito peculiar, que as impede de ser expostas a luz do dia. Qualquer luz pode provocar forte reação em suas peles. Assim, a curiosa família vive reclusa numa grande mansão, com cortinas escondendo as janelas. A casa é forte candidata a ser mal-assombrada. E é! Na permanente penumbra, iluminada por fracos candeeiros, ouvem-se ruídos estranhos nos outros cômodos, pianos tocam de repente, portas fechadas aparecem abertas... Coisas de histórias de terror. Mas ... essa idéia óbvia gerou requintado filme do diretor espanhol Alejandro Amenábar. Fazendo uso da atmosfera opressiva da casa, a fotografia de Os Outros não traz novidades. Não precisa. A semi-escuridão já proporciona o clima adequado. O som é que é fundamental no formato do filme. Recomenda-se ver (e ouvir) o filme num cinema com bom sistema Dolby. Um mérito de Amenábar é, sem utilizar efeitos especiais, nos deixar tensos, asfixiados, esperando o próximo ruído inexplicável que vai assustar a pobre família. Afinal descobriu-se que deixar a espectador imaginar o que se esconde atrás de cada porta ou cortina é o mais aterrorizante. O prolongamento das cenas, onde a expectativa nos deixa prontos a gritar junto com os personagens, é um exercício de dilatação do suspense, no estilo da escola do mestre Hitchcock. Entretanto, a repetição do uso desse recurso é um ponto fraco do filme. É cansativa a manutenção do clima claustrofóbico da casa por mais de 100 minutos, enquanto aguardamos o desenlace final.

Nicole Kidman brilha no escuro. Depois do recente Moulin Rouge, onde Nicole é a bela apaixonada que canta com qualidade surpreendente, a ex Mrs. Cruise entra de corpo e alma nesta interpretação. Não foi por acaso que escolheu-se a moça para interpretar a sofrida mãe Grace. Assim como em Sexto Sentido, onde Bruce Willis tem o papel principal, Amenábar precisava de uma estrela e Nicole Kidman dá vida a todas as cenas de Os Outros. Uma idéia na cabeça e Nicole na tela é faturamento certo! Seus olhos azuis, arregalados pelo medo, ficam bem à luz de velas. As crianças do filme têm o desenho e performance adequados à estranha situação em que estão aprisionadas. O marido de Grace é estranho como uma alma penada. Os empregados completam o conjunto, com figuras, que a cada momento, nos despertam mais dúvidas e interrogações. O roteiro é um tanto ou quanto confuso, mas não chega a estragar os sustos e surpresas.

Depois de nosso sofrimento solidário com a família, o final surpreende. Mas, nem tanto. Já na saída do cinema, nos bate a decepção. É que a idéia central do roteiro está longe de ser original! A indústria do cinema tem, em Os Outros, mais um exemplo de boa idéia que é copiada e reapresentada com outra embalagem. Dá para descobrir o truque. Deixo uma pista para vocês: lá pras tantas do filme, me ocorreu que ele caminhava para um final Agatha Christie, mas precisamente, O Assassinato no Expresso Oriente. Talvez isso ajude vocês a matar a charada. Ou confunda mais as coisas.


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10novembro2001
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