Os Trapaceiros Small Time Crooks

Woody, o Trapalhão

Este é o velho Woody Allen! E ele está ficando velhinho mesmo. A imagem não esconde. Mas ainda está jovem o suficiente para fazer uma comédia de trapalhadas que nos faz rir a valer. Assim é Os Trapaceiros (Small Time Crooks). 

Allen interpreta um lavador de pratos que saiu da prisão onde era sarcasticamente chamado "O Cérebro". Ele não entende o deboche e cria um plano para roubar um banco. Para realizá-lo, se junta a outros intelectualmente limitados como ele. Resultado: tudo dá errado! Esta história é matéria prima para Allen desenvolver personagens com diálogos rápidos e engraçados. São trambiqueiros desajeitados, que buscam a fortuna e, por um golpe de sorte, se tornam milionários. O filme corre em ritmo de comédia-pastelão. Talvez demasiado rápido, pois a história acaba logo. Woody Allen, com sua habitual tendência para filmes pequenos, desta vez radicalizou. A história ficou muito pequena. Ele, então, abre uma brecha para a crítica lhe elogiar: adapta duas histórias e faz dois curtas-metragens dentro do mesmo filme. E funciona. Mesmo assim, o filme todo é pouco maior que uma hora e meia. A segunda história é sobre a trapalhada de novos ricos que querem entrar para o high society de Nova York. Os dois mundos, o brega e o sofisticado, ficam todos ridículos sob a visão ácida de Allen.

O elenco de quase débeis que formam a quadrilha é bem escolhido. A vendedora de biscoitos (Carolyn Saxon), que entende (?) tudo ao pé da letra, é um show de nonsense digno de uma Praça da Alegria sofisticada. A escolha do abestalhado Hugh Grant como símbolo do refinamento é perfeita. Frenchy (Tracey Ullman), a gênio dos cookies, com seu gosto brega e as coxas de fora, poderia ser interpretada numa versão brasileira por uma Zezé Polessa, Mariza Orth ou Suzana Vieira. O velho Woody ainda dá conta de fazer o perdedor Ray Winkler, que merece um final feliz.

Os Trapaceiros é simples. É apenas o "projeto de filme para a primavera de 1999". É assim que  Woody Allen chama seus filmes. Não tem a densidade dos filmes mais recentes do diretor. Nesse filme, Allen está longe de Hannah e suas irmãs ou Desconstruindo Harry. O estilo escrachado fica na linha de Bananas ou Dorminhoco, que ele produziu lá no início dos anos 70. Woody Allen, em certos momentos, vai fundo no pastelão. Há uma cena de subida de escada que seria perfeitamente adequada ao Didi dos Trapalhões ou aos Três Patetas. O melhor do filme é a  mordacidade do texto. As piadas se sucedem com a marca registrada do humor de Woody Allen, onde ele ataca todos e, em particular, esculhamba seu frágil e desajeitado personagem.

cotação:      

- Ernesto Friedman - 


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13janeiro2002
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