Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones Star Wars: Episode II - Attack of the Clones A Saga da Digitalização Imagine a bela Amidala preparando-se para viajar. A moça coloca uma mala Sansonite em cima da cama, vai retirando as peças de roupa do armário, colocando-as cuidadosamente na mala enquanto conversa com o herói Anakin sobre se vai rolar ou não um caso entre os dois. Parece coisa de novela, mas faz parte do episódio II de Star Wars: Ataque dos Clones, o último lançamento da saga interestelar criada por George Lucas. O filme alterna todo o tempo entre ação de primeira qualidade e diálogos nem tanto. São discursos dignos de Paulo Coelho ou momentos românticos (pelo menos pretensamente) quando o cavaleiro Jedi e a rainha discutem sua difícil relação. O resto do tempo, A guerra dos Clones é o maior show de efeitos especiais e fantasia de Ficção Científica que o cinema da produziu. Star Wars é do gênero FC soft, ou seja, histórias grandiosas em um futuro longínquo, com personagens do bem e do mau bem resolvidos, heróis e bandidos, tudo arrumadinho para não gerar muita aflição à limitada capacidade de entendimento e crítica dos espectadores. Entre os diálogos, onde a baboseira tradicional da cultura Jedi é transmitida, Star Wars tem ótimas perseguições e corridas em naves espaciais que nos tiram o fôlego e que vão, certamente, enfeitar os games que a Lucas Arts (outra empresa do diretor do filme) produzirá para computadores. Comentar sobre a história de Star Wars é perda de tempo. Eu já estou confuso com a profusão de personagens que crescem, ficam maus, viram tios de meninos que no filme anterior já eram homens feitos. Não chega a ser complicado como Cem Anos de Solidão, mas exige atenção. Há também uma grande quantidade de federações, repúblicas, ordens, ou seja, organizações em geral, que são citadas nas discussões sem fim. Mereciam um organograma para facilitar nosso entendimento. Já os atores padecem para transmitir um mínimo de veracidade enquanto interpretam na frente do fundo azul onde vão ser inseridas, posteriormente, as imagens do computador, que é o que realmente conta no filme. O ator Hayden Christensen que interpreta (?) o jovem Anakin é uma figura amorfa que não consegue transmitir emoção alguma. Mas Lucas acertou com a escolha da rainha e senadora Padme Amidala (que nome horrível para dizer em português!). A atriz Natalie Portman se enquadra na beleza perfeita e asséptica que o romance central e insosso de Star Wars exigiu. Entre os atores, o destaque fica com a participação especial de Christopher Lee como o Conde Dooku. A experiência em papeis de vampiros e outros seres maléficos foi útil para ajudá-lo a interpretar o líder do lado negro da força. George Lucas faz história para agradar as multidões ou para, pelo menos, não perturbá-las enquanto assistem o grandioso show de efeitos especiais do filme. Parodiando a fala do cavaleiro Jedi: - Um Jedi não deve conhecer a raiva, o ódio ou amor. Lucas também não deve se preocupar com roteiro, personagens e interpretações. Tem que se focalizar na tecnologia. Ele já possui várias empresas especializadas em som e imagem para o cinema: THX, Lucas Digital Ltda, Industrial Light+Magic, Skywalker Sound e outras. Sua saga particular é criar um novo paradigma de cinema digital. Parece que está conseguindo. O filme (assisti na sala do New York Center, no Rio de Janeiro, que dispõe de projetor digital) é de uma nitidez impressionante. Até as legendas ficaram melhores. As pessoas ficam meio frias (consta que os rostos tiveram que ser retocados no computador pois até Samuel L. Jackson estava pálido) em virtude de tanta computação gráfica e digitalização usadas. Entretanto, com o tempo, é provável que a Kodak seja substituída pela tecnologia digital. Acho que é questão de tempo. Lucas aposta nessa idéia. Resumindo: este episódio ficou melhor que o anterior. O show de efeitos é deslumbrante (é difícil não se impressionar com as "tomadas" da nave prateada da rainha Amidala). A história água-com-açúcar não cria um "clima " entre os dois heróis, cavaleiro Jedi e rainha senadora, mas o pessoal da pipoca e coca-cola vai engolir sem reclamar.O roteiro, bem, pra quê roteiro se Lucas tem a força: luz e mágica? - Ernesto Friedman - envie agora seu comentário sobre este artigo mais cinema início da página | homepage Polemikos 21julho2002 |