Filme: Sinais, M. Night Shyamalan


 
 

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Sinais Signs

falsa promessa

- ernesto friedman -

O novo filme de Shyamalan chegou na esteira da expectativa despertada por seus dois últimos trabalhos: Sexto Sentido e Corpo Fechado. O diretor indiano brilhou em Sexto Sentido criando uma referência cinematográfica no que se refere ao "ponto de vista" de se contar uma história. Em Corpo Fechado, sua exploração da fantasia das histórias em quadrinhos ficou muito soturna e o resultado deixou o diretor no purgatório, críticos e público esperando sua próxima produção para desempatar sua avaliação. Afinal, temos um novo gênio no cinema ou foi apenas uma falsa promessa? Depois de ver seu novo filme fico com a segunda opção. Shyamalan mostra em Sinais, estreado no Brasil nessa semana, que não tem a propalada genialidade. Ele pode até impressionar alguns com sua pseudo-elegância, mas Sinais é apenas um exercício infindável de cenas de suspense e sustos. Infelizmente, a boa regra diz que não se pode pregar mais de dois - um mestre talvez consiga três bons sustos – em um mesmo filme. Também é notório na cultura cinematográfica que a repetição da dilatação excessiva de cenas de suspense (aquela técnica criada por Hitchcock, lembram?) deixa de criar a ansiedade no espectador e produz, apenas, tédio e o desejo de olhar o relógio para ver quando acaba a sessão. Assim é com Sinais. Shyamalan faz um filme onde o uso do suspense, do medo e os sustos nos levam forçosamente a compará-lo com sua outra obra, o ícone Sexto Sentido. Infelizmente, sua nova obra perde de longe.

Sinais possui uma característica (poderia ser uma qualidade se o filme desse mais certo) que o singulariza. Bem no estilo Spielberg, do qual o diretor é fã declarado, Shyamalan conta a história de um dos momentos mais importantes e esperados para a humanidade – o contato com ETs – mostrando como as coisas acontecem para uma família vivendo isolada em uma fazenda na Pensilvânia, nos EUA. A proposta é interessante, entretanto, foi muito melhor explorada por Spielberg em ET, quando o filme mostra o contato com extraterrestres do ponto de vista das crianças (aquele enquadramento de baixo mostrando o chaveiro pendurado na cintura dos homens que cercam a nave dos pequenos ETs, no início do filme, é brilhante linguagem cinematográfica) e em Encontros do Terceiro Grau, onde a tecnologia só acontece no final de um filme de 3 horas contando a trajetória do humano escolhido para o grande encontro. Assim, a premeditada utilização de uma invasão da terra por alienígenas apenas como pano de fundo para discutir as perdas de entes queridos e da própria fé de um homem parecem um tanto fora de foco. Ficamos com a impressão de que o diretor quer mesmo é mostrar que é refinado. Resultado: Shyamalan é apenas pomposo. Se você não for um crítico determinado a encontrar sofisticações em obras com grande suporte publicitário, o que sobra de Sinais é sua interminável série de sustinhos. É pouco para o preço do ingresso.

A interpretação de Mel Gibson é boa na medida em que podemos avaliar expressões de personagens de filmes de ficção científica. Ele está contido (um pouco demais, as vezes parece um robô) e transmite a angústia de seu abandono pessoal. Os outros personagens também se saem bem. O ator Joaquin Phoenix (aquele garoto problema antológico de To Die For) é competente e tira o papel de letra. As crianças compõem bem a estranheza e o humor da situação. A reação dos personagens entretanto, parecem um tanto tranqüilas para a situação limite com que se deparam. Quanto a fotografia, Shyamalan exibe seu arsenal de mostrar (ou não mostrar) o que provoca medo na platéia. No momento em que ele para de mostrar portas de onde esperamos que vai sair um monstro ou usar planos super rápidos (aqueles que deixam a maior parte da imagem para ser completada por nossa imaginação) e exibe o ET, aí o filme cai no ridículo. Shyamalan tenta se salvar criando um milagre. Mas o milagre não foi suficiente para salvar o filme.


cotação:  


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opinião dos leitores sobre o artigo acima ( ver artigo )

22.11.2007

Sinais não é um filme tão ruim assim. Nós temos que considerar que nem todo mundo vai a cinema para filosofar. É claro que Shyamalan utiliza na obra temas que apenas tentam ser profundos mas, na verdade, o filme é uma obra de entretenimento e como tal deve ser visto.


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22setembro2002
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