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O Filho da Noiva El hijo de la novia

Mais uma jóia argentina! Corro o risco de cair no comum, mas começo a acreditar na teoria de que países em dificuldades econômicas e sociais estimulam a criatividade de seu povo. O Filho de Noiva é um exemplo da qualidade do cinema atual na Argentina. Uma combinação de roteiro e interpretações excelentes colocam o filme entre os melhores dos últimos tempos. O dia-a-dia estressante de um empresário de 42 anos, que culmina com um ataque do coração, é a chave para a revisão de sua vida. Seu relacionamento com os pais, suas mulheres, a filha, o amigo de infância, empregados, mostrados com preciosos detalhes por cada ator, montam obra inesquecível. Será piegas? Acho que não. A dosagem certa de sentimento e humor proporcionam duas horas de prazer, enquanto acompanhamos a lapidação de cada personagem. Ao final, temos um mosaico bem delineado dos tipos maravilhosos que o diretor Juan José Campanella apresenta. O ótimo desempenho de Ricardo Darin convence no difícil papel do dono de restaurante Rafael, às voltas com uma maturidade tardia. O brilho do elenco principal e de apoio é a base da alta qualidade atingida pelo filme. O tema poderia dar numa sopa insossa ou cair no apelativo, mas o uso dos ingredientes certos, na medida certa, produzem algo tão bom como o decantado tiramisú, também protagonista da história.

Podem ir ao cinema tranqüilos. Como Campanella põe na boca de um personagem, assistimos poucos filmes argentinos, colonizados que somos pelo onipresente Hollywood. Mas este é filme para não se perder. Aliás, O Filho da Noiva foi indicado para Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2002. Os detalhes das interpretações são daqueles que nos fazem sorrir no escuro do cinema aprovando o trabalho dos atores. O pai, Nino Belvedere, interpretado por Héctor Alterio, nos emociona todo o tempo. A impressionantemente bela atriz Natalia Verbeke, faz Naty, a jovem companheira do filho da noiva. Dos tantos momentos de emoção se destaca um em que os personagens de Héctor e Natalia fazem magnífica cena numa igreja, quando a jovem nora preenche as lembranças do velho esposo enamorado. É cena candidata à antológica na categoria "emoção no cinema", ponto alto do filme, sintetizando a sensibilidade da realização.

Não percam o Filho a Noiva. E... sejam mais espertos e educados do que eu e fiquem sentados até o final dos créditos para saber, afinal, quem é Dick Watson.

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