Filme: A Isca Perfeita, de Jez Butterworth

A Isca Perfeita Birthday Girl

o golpe e a isca

- sebastião agridoce -

cotação:

Nicole Kidman, estrelando esta comédia, engordou sua conta em mais uns prováveis 20 milhões de dólares. Bom negócio. Das qualidades do filme, cerca de 80% são mesmo a beleza da atriz. Seu personagem de esposa russa comprada é pura fantasia para os homens. Imaginem uma esposa belíssima que não fala e se mostra super aplicada nas atividades sexuais. E quando Nicole Kidman fala russo faz o estranho idioma parecer das coisas mais sensuais do mundo. Tudo bem, a moça é reconhecidamente bonita, mas é um pouco caro pagar só para ver Nicole. A ex senhora Cruise, apesar de longilínea, ocupa toda cena que aparece (e aparece quase o filme todo). O problema é que filme não é ensaio fotográfico. A Isca Perfeita se diz uma comédia e, além da beleza da australiana, o resto que oferece é muito pouco. A idéia de uma esposa russa que é "adquirida" pelo correio por um bancário inglês solteirão e solitário é boa. Mas o resultado nem ficou engraçado, nem a trama resultou refinada. Enquanto o filme se dedica a mostrar o relacionamento entre o afortunado marido e a maravilhosa russa, o exercício de ver Nicole é levado, com sucesso, ao limite do pornô soft. A limitação da comunicação do casal, em virtude do desconhecimento do idioma inglês por parte da bela Nadia, é contornada pela dedicação da esposinha no quesito sexo. É a parte mais interessante do filme. O voyeurismo da platéia é recompensado em doses homeopáticas, mas de alta qualidade. Nicole Kidman amarrada à grade da cama, participando de jogos sadomasoquistas com seu tarado e tímido marido, tem seu valor. Ganhamos até direito a uma visão (revisão) de sua derrière nos moldes daquela cena inicial de De Olhos Bem Fechados, do mestre Kubrick. Pelo jeito, Nicole gostou de deixar a marca de sua nudez no cinema enquanto seu corpo de Modigliani está em forma. Felizes a gente. Como detalhe, vale conferir o abdômen mágico exibido por Nicole. É show!

Como tudo que é bom dura pouco, quando o relacionamento do curioso casal anglo-soviético já estava quente, a platéia esperando a próxima sessão de sexo dos dois, eis que o reteirista introduz os personagens dos parentes da moça. Daí pra frente a história toma novo rumo e as coisas vão ficando tensas até virar um quase triler policial. Depois, nos encaminham para uma história de amor com final feliz. Tudo pouco plausível e previsível. Ou seja, do jeito que a turma da pipoca gosta.

Em resumo, o exibicionismo explícito da bela Nicole nos engana e nos faz pagar para jogar fora duas horas de nosso tempo no escuro do cinema. Do filme, o máximo que fica, apesar dos riscos descritos na história, é o politicamente incorreto desejo de usar o serviço de entrega em casa de belas Natachas. E pronto, acaba a sessão e percebemos (eu fiquei com este sentimento!) que caímos em mais um planejado golpe do cinema americano. Só podemos nos perdoar porque Nicole Kidman é a isca perfeita.

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