Filme: Meu Melhor Amigo, Patrice Leconte


 
 

cinema

Meu Melhor Amigo Mon Meilleur Ami

Sobre amigos e chatos

Para o riso sem compromisso

- ernesto friedman -

É uma comediazinha. Os franceses estão bons nisso. Têm poucas opções de atores, apelam sempre para Daniel Auteil e Depardieu. Dessa vez foi Auteil. Com seu jeito meio feio, que tem muito sucesso entre as mulheres, o ator interpreta o intratável François, um marchand que não tem amigos. A crítica explícita dos colegas o faz perceber sua deficiência. Ele sai em busca de ajuda para desvendar o mistério de como fazer amigos e, quiçá, encontrar um. O esbarrão com o taxista Bruno, um tipo cuca fresca, cria as situações para desenvolver a história. Achei Bruno muito chato, mas o filme mostra o taxista como o oposto do marchand. É o simples de bem com a vida versus o sofisticado sem jeito para ser feliz. Para Bruno, fazer amigos é natural. Todos se tornam íntimos dele num instante. Eu acharia o cara irritante, mas deve ser dificuldade minha, o roteiro pretende que ele seja um amor de pessoa.

Os cenários de casas e restaurantes de Paris sempre agradam num filme. As mulheres mostram que são pontos de destaque na competitividade do cinema francês. São de beleza especial. A sócia de François na galeria de arte, Catherine, interpretada pela especialmente bela Julie Gayet, dá luz a todas as cenas em que aparece. É como um quadro a ser apreciado. Uma delícia.

O humor francês é agradável, em particular se entendermos a língua. O filme não aprofunda a discussão sobre a amizade. São engraçados alguns comentários sobre as limitações de François e sua total incapacidade de lidar com os humanos. O resto é roteiro piegas para produzir um grand finale. Tudo muito açucarado. François tem a filha para qual não dá atenção. Ganha um doce quem descobrir aquele que vai resolver os problemas de saúde da filha de François? A sócia, que tem interesse nele como amigo, para que não haja outras interpretações, é apresentada como lésbica. Tem maneira mais radical de dizer que ela só deseja a amizade dele?

A história transcorre sem surpresas, com soluções tendendo ao óbvio. O tipo de filme para nos divertir num final de domingo. O roteiro poderia tratar com personagens menos esquematizados. Talvez, na versão americana – Hollywood já comprou os direitos – haja alguma melhora. Ou não. O problema é que os americanos têm mão pesada. Vão utilizar algum artista famoso e pasteurizar ainda mais a história. Esperemos.


cotação:  


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25novembro2007
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