Bush ataca União Gay 

Ou o Bush voltou a beber ou ele, nestes tempos agitados antes de eleição presidencial , maquiavelicamente, decidiu usar o casamento gay como bandeira para agradar o conservadorismo americano. A segunda hipótese é mais provável. As estatísticas dizem que 60% dos americanos são contra o casamento gay. Bush, mais do que rapidamente, aproveita esta direção da opinião pública para se posicionar frente aos eleitores e colocar seu provável oponente democrata numa sinuca de bico: vale a pena para John Kerry tomar partido da união gay? Kerry vai ter que agir com cautela. O xadrez eleitoral é perverso e nem sempre ser razoável elege um candidato. Pelo contrário, eu nunca vi um fiel à razão se eleger.

Se os débeis mentais, inoculados pela baboseira pregada pelas centenas de religiões, se opõem a que o nome de fantasia "casamento" seja usado para relacionamentos de pessoas do mesmo sexo, seria mais conveniente entrarem com processo em algum órgão que controla marcas e patentes. Eu até entendo. Digamos que casamento é coisa de homem e mulher, com cerimônia com véu e grinalda e padrinhos e madrinhas para compor o enxoval dos nubentes. Podiam chamar de União, Parceria etc. Mas isso de dificultar que os homossexuais acasalados, criem projetos de vida em comum e registrem legalmente sua relação, oferecendo a seus parceiros os direitos civis decorrentes da união, isso é apenas a exacerbação da hipocrisia da sociedade. As restrições por que passam os gays, que sofrem limitações no direito de passarem a seus parceiros, com a mesma facilidade fornecida aos heterossexuais, sua herança e outros direitos, fere o preceito de igualdade das constituições em geral. Por sinal, o Brasil bem podia tomar a liderança mundial neste processo de reconhecimento da relação gay e legalizá-la aqui em nossa terra. O Lula, depois do caso Waldomiro, que motivou-o a ver com rapidez os danos causados pelo jogo instalado no Brasil, podia também tomar partido dos homossexuais e lançar medida provisória oficializando o casamento gay. Esta eu queria ver!

Voltando aos EUA, o interessante é que o homem que inventou o perigo iraquiano e a guerra santa contra Saddam está pouco se lixando para os gays ou não gays. Ele apenas está administrando de maneira estritamente calculista suas chances para a próxima eleição. Seu discurso em cadeia nacional declarando-se favorável a uma emenda constitucional proibindo casamento entre homossexuais não visa melhorar a estrutura da sociedade americana. Aquilo é papo de candidato, em tempo de eleição, criando fatos para sua campanha. Cidades como São Francisco, com grande população gay, vão ver grandes passeatas e manifestações contra a posição de Bush. É tudo que o presidente ex-alcoólatra deseja. Os conservadores, os homofóbicos, estes vão babar de medo ou puro tesão sádico quando virem a reação dos cidadãos homossexuais e vão se alinhar ao candidato Bush, esquecendo se ele mentiu sobre o perigo iraquiano, se ele mentiu sobre ter servido na guarda nacional, se ele ganhou uma eleição na mão grande, se ele levou grana no escândalo Halliburton, se os empregos estão desaparecendo nos EUA ... a lista de coisas para esquecer é grande. 

Em resumo, na falta de judeus para perseguir, pois estes dominam áreas importantes, como o mercado financeiro e as artes; na falta dos negros, que agora são afro-americanos e são um contingente eleitoral muito grande e se ficarem putos são capazes de incendiar (literalmente) algumas cidades americanas; sobraram os homossexuais, os sarados amantes das academias de ginástica e aquelas moças que timidamente trocam carícias, como bodes expiatórios para Mr. Bush. E tome porrada nos gays.

- Ernesto Friedman -


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25fevereiro2004
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