revista Veja e o golpe da assinatura automática

- sebastião agridoce -

Que o Brasil está ladeira abaixo, todos nós sabemos. A imprensa e a revista Veja nos ajudam a acompanhar o desconcerto do governo Lula. A última capa de Veja, com o viril senador Renan Calheiros sentado numa laranja, é um serviço à nação. Não podemos esquecer os bizarros esquemas de obtenção de dinheiro do senador das Alagoas. Mas, se o assunto é ética, falemos da própria Veja. A empresa dos Civita também adota práticas de negócios estranhas. A revista anda escorregando na ética no seu relacionamento com os clientes. Fui alvo recente do tratamento oportunista (é o mais gentil que posso ser com a revista) que Veja dispensa a seus assinantes. Eu conto para vocês.

Tudo se passa no procedimento de renovação da assinatura da revista. Veja passou a utilizar um expediente que ficou famoso há algum tempo quando os bancos enviavam cartões aos seus clientes e informavam que se não entrássemos em contato para recusar o cartão estávamos aceitando automaticamente o produto. Um abuso com o consumidor. Muitos casos foram parar na Justiça. Bem, a revista Veja reeditou o mesmo procedimento (ou podemos chamar de golpe?) para antecipar os pagamentos da renovação da assinatura. A coisa é simples. A revista vive enviando correspondência. Envia uma em que informa que se você não manifestar vontade em contrário sua renovação será automaticamente debitada do cartão de crédito. Não é lindo? Se você tiver mais o que fazer do que ler toda a baboseira que esses caras nos enviam pelo correio, terá a desagradável surpresa de constatar que apareceu em seu cartão o pagamento de renovação da assinatura da revista. Se não notar, se deu mal. Já pagou! Notem que isso acontece no mês de julho, para uma assinatura que vence em setembro! Foi o meu caso.

Tive que sair dos meus cuidados e ligar para o serviço de atendimento ao cliente (SAC) da Veja. Movido de paciência infinita, expliquei a moça que estava incomodado com o procedimento de Veja. Disse que quase me decidia por entrar na Justiça por me sentir lesado. Afinal, a revista enviara cobrança para meu cartão de crédito sem minha aprovação. Mencionei que seria adequado um pedido de desculpas da empresa. Pedi para que ela anotasse no meu cadastro que não quero ser molestado com este tipo de abordagem da empresa para antecipar pagamentos de assinaturas. A moça do helpdesk foi muito gentil, informou que isso não se repetiria, pediu desculpas, disse que ia estornar do meu cartão etc.. Dei por terminado o assunto. Minha esperança era que a empresa tomasse a mínima providência de me escrever desculpando-se pelo incômodo.

Sou mesmo um brasileiro otário padrão. Chegou correspondência da Veja. O texto da carta se concentra em obter o contrato. Contêm pérolas como: “Assim que recebemos seu pedido de renovação, enviamos o valor a ser debitado para a administradora do seu cartão de crédito. Entretanto, não foi possível efetuar esta transação. Não sabemos o porquê.” Vejam vocês. Eu nunca pedi a renovação. A carta de Veja mente. Eles dizem que não sabem o porquê! Os idiotas não registraram que eu telefonei para eles e pedi para que estornassem o pagamento senão entraria na Justiça. Qual o propósito dessa carta de Veja? É pura falta de controle de seus serviços ou é algum tipo de artifício jurídico para se resguardarem de uma ação na Justiça. Já começo a pensar que o melhor mesmo era abrir um processo contra Veja.

Uma coisa é certa, não vou renovar esta assinatura tão cedo. O jornal O Globo de domingo já traz leitura suficiente para meu fim de semana. E vou olhar meu cartão com atenção. Sei lá o que essa empresa pode tentar. Cuidado com os Calheiros. Cuidado com os Civita.



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05.09.07
Também sinto-me profundamente incomodada com a insistência na renovação da assinatura da revista Veja, mesmo a anterior ainda estar em vigência. Pago através de carnê (para evitar surpresas desagradáveis como a do autor do protesto) cujo vencimento ocorre sempre em setembro e em junho a editora já começa a me enviar carnês para renovação. Acho um abuso desnecessário essa atitude! Afinal uma editora tão conceituada, acredito eu, não precisa recorrer a esses artifícios para reforçar seu caixa. Inclusive é um atentado à inteligência de seus leitores, o que contradiria o seu público alvo.


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07agosto2007
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