JARDS MACALÉ, O ONIPRESENTE! Jards Macalé é onipresente. Verdade! Nunca me encontrei com uma pessoa em tantos lugares diferentes. A história começou numa locadora da Rua Getúlio das Neves, no Jardim Botânico. Lembro-me de que eu saía meio frustrada por não ter conseguido o filme que queria e desci as escadas meio de supetão. Ele, por sua vez, vinha subindo, calmamente, trazendo uma sacola plástica branca no braço. E lá ficamos nós – naquele vai-e-vem – que acontece com todo mundo às vezes na rua. Eu ia pra cá... ele também; ele voltava pra lá...eu também, num compasso quase de samba. E, assim, nesse "compasso", ora uma oitava acima, outra abaixo, conseguimos nos desvencilhar. E continuei encontrando-o. Primeiro no Monobloco – diga-se de passagem, programa recomendadíssimo! – ele deu uma canja justamente no dia em que fui. Outro dia, saindo do Shopping da Gávea, dessa vez conseguimos atravessar a porta sem maiores dificuldades. Pois bem... Macalé – cujo apelido foi dado por jogar tão mal o futebol como um dos piores jogadores do Botafogo – nasceu em 1943, no Rio de Janeiro. Desde cedo, teve a música o acompanhando, tanto nos sons do morro da formiga na Tijuca, como nas músicas tocadas pela mãe ao piano e pelo pai ao acordeon. Sua vida profissional teve início em 1965 tocando violão na montagem do show Opinião em São Paulo. Além de grande compositor, é um multimídia. Já atuou em filmes do Nelson Pereira dos Santos (Amuleto de Ogum, Tendas dos Milagres) e em TV na novela Amazônia (TV Manchete). Em Teatro participou da montagem Brecht Hindemith. E nas artes plásticas esteve ao lado de Hélio Oiticica, Lygia Clark e Rubens Gerschman. Seus parceiros musicais, foram nada menos, que Abel Silva, Vinícius de Moraes, Wally Salomão, Xico Chaves, Antonio Carlos Capinam. Irreverente, maluco beleza, estranho, maldito! Que seja! E que bom que é! Todo artista deve incomodar, é do incômodo que surge a mudança. E esse homem muda, busca e não pára...graças a Deus! "Eu não sei fazer nada absolutamente igual. Nos shows, cada momento depende de minha relação com a platéia, onde muitas coisas podem acontecer. Então absorvo e devolvo. Da mesma forma não sei cantar ou tocar uma música exatamente igual outra vez. Então, pra mim, um trabalho criativo é um trabalho essencialmente dinâmico. Estou sempre buscando. E uma coisa que me dá muito prazer é justamente buscar." (Jards Macalé) - Renata
Mafra - envie agora seu comentário sobre este artigo veja a opinião dos leitores sobre o artigo veja outros artigos da seção extra 20março2001 |