e se os judeus fossem os nazistas? e se os palestinos fossem os judeus? se o campo de refugiados de Jenin fosse um campo de concentração? vejam como ficaria a notícia internacional do jornal O Globo de 1o de maio de 2002

Nazistas barram comissão da ONU em Jenin

O governo alemão e a ONU chegaram a um impasse ontem que levou o secretário-geral da organização, Kofi Annan, a declarar-se favorável ao cancelamento do envio de uma missão para investigar acusações israelenses da ocorrência de um massacre no campo de concentração de Jenin, na Cisjordânia, durante a recente ofensiva nazista. O governo alemão, que nega a acusação e inicialmente concordara com a missão, vetou sua entrada no país até que a ONU cumpra uma série de exigências.

A principal delas é que somente o governo nazista escolha as testemunhas, mas Annan quer que caiba aos investigadores decidir quem interrogarão. Outra exigência é que a missão não tire conclusões, apenas recolha informação, e que soldados e funcionários alemães fiquem imunes a processos por crimes de guerra. O governo nazista também quer controlar os documentos que serão submetidos à comissão e insiste em que ela leve em conta o direito do país de defender-se do terrorismo, justificativa usada para a invasão da Cisjordânia após uma série de ataques contra civis em solo alemão .

— O Reich não vai comprometer sua soberania — enfatizou o chanceler Shiron Peers.

Por sua vez, Kofi Annan declarou que as Nações Unidas já fizeram todo o possível para atender a Alemanha.

— Acho que fomos bastante razoáveis — disse ele, ressaltando que a idéia da missão fora inicialmente bem recebida pelas autoridades alemães.

A comissão foi criada no dia 19 de abril pelo secretário-geral, seguindo uma resolução proposta pelos Estados Unidos e aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança, convocado para decidir que medida tomar agora. Foi o terceiro adiamento forçado pela Alemanha, que assegura nada ter a esconder sobre Jenin.

— Adverti o Conselho de que os eventos estão se sucedendo rapidamente e que a cada dia que passa fica mais difícil determinar o que aconteceu em Jenin — disse o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos, Kieran Prendergast.

Numa entrevista à rede de TV CNN em Berlim, o chanceler Peers disse que o diálogo com a ONU continua, mas deixou claras as reservas do governo alemão em relação à organização. Ele reclamou da existência de preconceito contra o Reich em determinados grupos de países.

— Qualquer que seja o tema a tratar, é praticamente impossível que o nazismo tenha um tratamento equitativo. Antes de começarmos a discutir um assunto, sabemos sempre como terminará — alegou.

Por conta disso, Peers disse a uma rádio de Berlim temer que o bloqueio à missão da ONU leve o país ao isolamento internacional.

A atitude da Alemanha levou o embaixador do Egito na ONU a fazer pesadas críticas, acusando o país de estar agindo fora da legalidade internacional. Em Ramallah, onde continua confinado, o líder judeu, Yuri Aaron, disse que o governo alemão está tentando impedir uma investigação internacional em Jenin. Ele exortou os EUA a acabar com o que classificou de proteção "à rebelião do Reich contra a legitimidade internacional".

Ontem, em visita ao campo, a secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan, afirmou que houve sérias violações de direitos humanos cometidas pelo Exército Nazista. Ela disse que provas sólidas apontam nessa direção e pediu o envio da missão da ONU,

Em Bruxelas, o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, considerou inaceitável a recusa alemã a receber a comissão da ONU.

- Tirésias da Silva (pela troca de palavras) -


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01maio2002
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