Bush - Um Caso que Nunca Existiu

Milla Kette (millakette@aol.com)
colaboradora

Uma pesquisa do jornal de extrema esquerda, New York Times, revelou que apenas 10% dos que opinaram sobre o caso Bush, leram ou ouviram "muito" sobre o caso Harken (que envolve George W. Bush) e 7% sobre Halliburton (empresa em que Cheney era presidente). Segundo Byron York (1), outras pesquisas têm mostrado resultado similar. Menos de 25% dos entrevistados pelo Times acreditam que Bush fez algo irregular. Como podem 25% dos mesmos entrevistados chegar a tal conclusão, quando apenas 10% afirmaram que tiveram acesso à informação consistente?! Para os astutos leitores do NY Times, desconhecimento de fatos não é obstáculo para se chegar a uma conclusão! Em 1994, quando Bush concorreu a Governador do Texas, na reeleição, em 1998 e em 2000, quando concorreu à presidência, os democratas desenterraram Harken. Nem eles, nem o New York Times ou o Washington Post, conseguiram qualquer evidência de que Bush cometeu alguma infração.

Terry McAuliffe - presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata - enviou E-mails para repórteres e ativistas da Esquerda em Washington, exigindo que Bush divulgasse documentos sobre a venda das ações da Harken Energy. Minha avó costumava repetir: quem tem telhado de vidro, não atire pedra no vizinho... McAuliffe fez milhões de dólares com a falida Global Crossing, do qual não se fala. Em 1990 ele entrou num acordo com um Fundo de Pensão do Sindicato dos Eletricistas para um desenvolvimento imobiliário na Florida. McAuliffe entrou com U$100 (é, cemzinho mesmo) e os patos, digo, o sindicato, com a bagatela de U$39 milhões, sendo as duas partes tidas como parceiros meio a meio. Ele embolsou U$2.45 milhões dos iniciais U$100. O Ministério do Trabalho investigou o caso e o resultado foi que os funcionários do Fundo foram obrigados a pagar multas altíssimas por entrarem num negócio arriscado, e McAuliffe saiu ileso (e de bolso cheio, claro).

McAuliffe foi um dos arquitetos da campanha para angariar fundos para reeleger Clinton, quando os polpudos doadores eram recompensados com pernoites no quarto que pertenceu a Abrahan Lincoln (2); ele afirmava, de Clinton: "Eu sou o futuro dele." Esses e tantos outros desmandos de Terry McAuliffe, não foram veiculados nos mesmos jornais que publicam os ataques dele a Bush e Cheney. Em 2 de julho (2002) no NY Times, Paul Krugman afirmou que Bush não foi punido quando vendeu as ações, porque seu pai era presidente; no entanto, "um memorando da Securities & Exchange Commission [concluiu] que ele não infringira a lei". Vários jornais e os democratas em Washington repetiram as acusações de Krugman. No entanto, os arquivos do caso são públicos e neles não há nada palpável, que sugira irregularidade.

A História

Em 1980 Bush administrava a empresa Spectrum 7. Em 1986, com o mercado do petróleo em baixa, a empresa começou a ter problemas financeiros. Harken Energy, especializada em comprar companhias do ramo do petróleo em sérias dificuldades, adquiriu Spectrum 7. Como pagamento, Bush recebeu U$500 mil, um cargo na diretoria e um contrato de consultor. Como não era um trabalho diário, entre 1987 e 1988, Bush dedicou-se à campanha presidencial de seu pai. Em 1989, envolveu-se com um grupo que tentava adquirir o time de beisebol Texas Rangers. Em março daquele ano a compra foi acertada, e Bush fez um empréstimo de U$600 mil. Em 22 de junho de 1989, ele vendeu 212.170 ações da Harken por U$4 cada, perfazendo um total de U$848.560 mil. Quase dois meses depois (20 de agosto) a Harken anunciou uma perda maior do que a esperada para o quadrimestre que terminara em 30 de junho. Nos meses seguintes as ações da empresa caíram, chegando a U$1.25 em 1990.

Quando no ano seguinte essa venda veio a público, o partido Democrata acusou-o de usar informações que acessara através do cargo que tinha na empresa. Houve uma investigação do SEC, e a comissão concentrou-se em três questões:

1a Bush sabia que a empresa ia anunciar a perda em agosto 1989?

2a Teria Bush vendido as ações com o simples intento de cair fora enquanto havia tempo?

3a A perda da empresa teria atingido os investidores médios, que não tinham acesso a esse tipo de informação?

Entre 1991 e 1993 os investigadores do SEC leram milhares de páginas de documentos, entrevistaram várias testemunhas e encontraram-se com advogados de Bush (que renunciou ao privilégio cliente-advogado, permitindo aos investigadores entrevistá-los). Referente à primeira questão, concluiu-se que: "as evidências indicam que Bush não tinha conhecimento da maioria dos itens que compreendiam as perdas que Harken anunciou dia 20 de agosto" e que as mesmas deviam-se a ocorrências posteriores à venda das ações. Os investigadores descobriram que Bush tinha "limitada participação na administração da Harken" e que ele havia sido informado por pessoal da alta roda da empresa que as perdas do quadrimestre em questão não seriam excepcionais.

Quanto à segunda questão, Bush vendeu as ações após ter sido contatado por um agente que tinha um cliente interessado em comprar uma grande quantidade de ações da empresa. Quando decidiu vender as ações, Bush contatou o conselho da empresa e a administração para saber se havia algum impedimento. O SEC concluiu: "Em vista dos fatos, seria difícil estabelecer que, mesmo assumindo que Bush possuísse material informativo interno, ele teria agido de má fé". Sobre a terceira pergunta, os investigadores concluíram que a perda anunciada pela empresa não teve tanto peso, visto que após uma pequena queda no dia da notícia, as ações retornaram ao valor anterior no dia seguinte (em 1991, o valor das ações chegou a U$8 cada).

Os investigadores também sabiam que Bush havia informado a comissão de seu plano de vender as ações. No dia da venda ele preencheu o formulário - Form 144, "Notificação de Proposta de Venda de Ações" -  que informava à SEC que um empresário da empresa ia vender suas ações. O abominável crime que ele cometeu, foi esquecer de preencher outro formulário - Form 4 -  que informa da efetivação da venda... Foi só em março de 1991, quase 34 semanas depois, que ele o fez (o que mais criticismo atraiu). Foi sugerido que Bush havia preenchido o formulário e, mais tarde, perdido. No começo de julho, Ari Fleischer (porta-voz da Casa Branca) atribuiu o atraso a "uma confusão por parte dos advogados". Finalmente, o próprio Bush, numa entrevista coletiva, admitiu: "Eu ainda não consegui compreender bem o que aconteceu."

Na época em que Bush enviou o formulário 4 para o SEC, atraso não era considerado uma ofensa grave. Segundo Edward Fleischman (membro do SEC entre 1986 e 1992), "o formulário 144, que Bush entregou em tempo, era o mais importante, porque informava os investidores da intenção de alguém de dentro da empresa de vender ações; o formulário 4 era uma notícia pós venda." Sem essas informações detalhadas do que realmente aconteceu, ninguém pode condenar ou absolver George Bush. Infelizmente, muitos estão prontos a atacar o presidente americano. Terry McAullife tem uma desculpa (não muito honesta, mas sempre uma desculpa): ele é presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata. Qual é a desculpa dos que o fazem julgamentos apressados e condenam sem ouvir defesa? O Partido Democrata vai acabar atraindo para si olhares inquiridores se insistirem em acusar Bush - e Bill Clinton, Hillary Clinton e Algore, só para citar três, teriam muito a perder.

(1) National Review: http://www.nationalreview.com/york/york071602.asp

(2) Até 1997 o casal Clinton hospedou umas 938 pessoas; entre esses, muitos auxiliaram monetariamente para as campanhas políticas de ambos. Ken Lay, o cara da Enron, parceiro de golfe de Clinton, foi um deles.


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10outubro2002
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