Novidades no Front Nós jornalistas ficamos em Bagdá apesar das condições precárias da cidade. Já a classe média do Rio de Janeiro começa a fugir para o interior em busca de alguma segurança. O mercado imobiliário acusa o golpe e os preços dos apartamentos e seus aluguéis começam a cair. Um míssil inteligente caiu ao lado de um shopping center na capital do Iraque, mostrando que os civis não estão livres dos efeitos da guerra. A reação internacional à ação norte-americana no oriente médio provocou queda na taxa de ocupação nos hotéis da cadeia Hilton, em virtude do temor dos hóspedes de uma retaliação da comunidade árabe indignada com a invasão do país de Saddam. A fachada do Hotel Méridien, em Copacabana, a mais famosa praia brasileira, foi danificada por uma bomba caseira atirada, provavelmente, por membros de uma das facções do tráfico carioca comandadas pelo notório criminoso Fernandinho Beira-Mar. Pesquisas de opinião recentes indicam que 70% dos americanos desejam que Saddam Hussein, caso seja preso vivo, tenha seu saco extirpado e exposto à visitação pública em algum museu de Nova York. Mesmo percentual da população brasileira entende que o saco de Fernandinho deve ter o mesmo fim. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro poderá abrigar a curiosa exposição. Apesar dos bombardeios diários, a população de Bagdá tenta manter a aparência de normalidade. Nas cenas transmitidas pelas televisões que ainda transmitem do Iraque, vemos as pessoas indo às compras, crianças brincando, todos tentando esquecer o inferno que os ronda. Na tranqüilidade aparente do Rio, o metrô, símbolo de serviço de qualidade e segurança, passou por experiência emblemática, quando uma menina de 14 anos, experimentando o transporte pela primeira vez, foi atingida pelas balas perdidas do tiroteio entre marginais e policiais despreparados e mal pagos. Enquanto isso, a televisão carioca mostrava propaganda institucional alardeando a segurança desse meio de transporte. Um pouco mais acima, no Oriente, mesmo que sem muitos recursos, em virtude dos últimos 10 anos de supervisão da ONU, que impediu a renovação do seu armamento, e sujeitos aos efeitos de todo o arsenal tecnológico da máquina de guerra dos EUA, os iraquianos mostram-se guerreiros corajosos e os mártires serão milhares. O exército do tráfico, que sempre trabalhou com recursos ilimitados, sofre alguma pressão e demonstra desespero e pouca inteligência, partindo para ações de puro terror, atingindo símbolos do turismo carioca como a estação do bondinho do Corcovado. Recentemente, uma van que transportava mulheres e crianças foi atacada pelos soldados americanos por não parar num posto de vistoria numa estrada do Iraque. Um ônibus foi queimado sem que os passageiros tivessem tempo de sair do veículo. O episódio do ônibus foi na praia de Botafogo, no Rio de janeiro. As bombas americanas, ditas inteligentes, que já atingiram a mais antiga universidade da cultura humana, também demonstram sua imbecilidade perversa atingindo mercados e hospitais. A inteligência é assim mesmo quando os fins justificam os meios. Se no final a gasolina ficar barata e surgir um punhado de empregos nas economias do lado de cá do planeta, as pessoas provavelmente esquecerão as imagens que a CNN e a BBC não mostram do estrago causado pelas ditas sábias bombas. Os explosivos aqui do Rio podem servir para motivar a população a reagir ao crime que se organiza, rivalizando com a estrutura que está a ser montada para explorar o bom e barato petróleo do Iraque. Os juizes (já foram dois) que o tráfico matou podem exasperar o povo e fazê-lo reagir. Se os cadáveres dos americanos e ingleses que morrem pelo petróleo barato se acumularem, a opinião pública de EUA e Inglaterra podem se movimentar contra a guerra de Bush. Acho pouco provável. A História continua a ser escrita pelas grandes indústrias: petróleo e drogas. A novidade no front pode ser um vírus lançado por um muçulmano desesperado decidido a botar fogo no circo dessa humanidade louca. Por exemplo: uma pneumonia descontrolada ceifando vidas regularmente, sem se preocupar com cor ou religião, justa nas chances oferecidas aos que morrem e aos que sobrevivem. Quem poderia imaginar cenário mais negro para combinar com a fumaça escura dos campos de petróleo incendiados? - Eugenia Corazon - envie agora seu comentário sobre este artigo veja outros artigos da seção extra 04abril2003 |