Porcão Churrascaria
Rua Barão da Torre, 218. Ipanema. tel. 3389-8989 ver mapa

ainda a grande opção de churrasco na cidade

- gustavo gluto -

O Porcão de Ipanema é a churrascaria do bairro. Ali se cometem refeições de grande porte. Uma cultura nacional genuína. Eu adoro levar os amigos estrangeiros para vê-los suando sob o ritmo vertiginoso de chegada das carnes. É experiência inesquecível que o carioca pode repetir quando quiser. Às carnes, portanto!

(em 04.04.1999)

Tarde de domingo. O Porcão de Ipanema está animado. O bar, junto a porta de entrada, está tomado pela turma do drink, todos ligados na TV que vai transmitir o FlaFlu no Maraca. As garrafas de whisky, com as etiquetas dos donos, estão nas mesas. A tensão está no ar.

No salão maior da churrascaria, uma grande tela também detém a atenção dos comensais torcedores. Uma lingüiça, uns coraçõezinhos das pobres galinhas e começa o futebol. Perto da tela tem um fluminense fanático, já perdeu o interesse pela maminhas que o circundam oferecidas. A esposa, pouco afeita ao esporte bretão, se dedica a comer metodicamente, de quando em quando levantando o olhar compreensivo para o torcedor do grande time da terceira divisão. Eu me dedico à picanha combinada com alguns queijos trazidos do bufê. O Flu perde um zagueiro que sai expulso. Penso: o tapete verde está estendido para o Mengão arrasar. Uma picanha no alho? Por favor, um pedacinho apenas. De repente, o salão explode num grito de comemoração. Romarito meteu um gol. Vai ser um passeio. Mas o jogo fica nisso no primeiro tempo. De minha parte, mantenho um ritmo cadenciado, concentrado na picanha – pra mim, a carne do profissional – e, de vez em quando, explorando um carneiro. Começo do segundo tempo, corner para o Flu, cabeçada, bola no travessão e, conforme o destino quis, gol. Jogo empatado. Tomando uma caipivodka, acompanho a aflição do garoto da mesa ao lado, camisa do Flamengo, gritando palavrões no intervalo das mastigações. Seu espírito está na arquibancada do estádio. E o jogo fica nisso. O Fla ataca mais, porém a bola, caprichosa, não entra. Já no final, um jogador do Flu quase deixa seu nome na história do futebol carioca. Dá aquele chute do meio de campo, tipo Pelé em 70, com a intenção de pegar o goleiro adiantado. Quase consegue. O goleirão flamenguista tem que se esticar para ceder o escanteio. Começo a notar que aquela rotina de "mais uma picanha de primeiro corte, por favor" tem que acabar um dia. O peso da carne no estômago transmite certa melancolia. Hora de ir para casa fazer a digestão, que ninguém é de ferro.



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04abril1999
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