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(em 06novembro2006)
O Marimbás é um clube cheio de histórias. Localizado na praia de Copacabana, no canto do Posto 6, tem vista privilegiada para o arco da mais famosa praia do mundo. Antigamente, diz-se que era local de encontro dos bons vivants da sociedade do Rio. Reza a lenda que as mulheres não eram freqüentadoras do lugar. Corrigindo: as esposas não iam lá. Como elas eram ausentes, as instalações se mostravam propícias a serem visitadas por outras companhias femininas. Grandes festas rolaram naquela pequena área vizinha do Forte de Copacabana. Hoje, o clube exibe jeito familiar. Vi até brinquedos para as crianças num cantinho junto ao restaurante. Novos tempos. Mas a mística continua. Ainda é possível ver a roda de amigos, no final da tarde, depois de alguns drinques, fumando seus charutos, na paz distante da vida doméstica.
Pois foi que aprontei uma excursão ao restaurante do clube Marimbás. A fama de lugar para um bom peixe chegava por amigos sócios. Levado pelas mãos destes, num fim de tarde, fui para um misto de almoço e jantar. Tomamos uma mesa com vista para a praia, com os prédios ao fundo desenhando a paisagem. Céu azul, o mar calmo, pequenas ondas quebrando na praia perto da varanda. A vista estava maravilhosa.
Iniciamos pelas caipivodka. O preço baixo me assustou. Era R$4, menos de US$2. Se a esmola é boa, o santo desconfia. Havia a opção da vodca importada, um pouco mais cara. Informado que seria Smirnoff, relaxei e fui em frente. Fizemos as indicações de prache: “põe o açúcar, mas não mexe!”. Para acompanhar encomendamos uma porção de bolinhos de bacalhaus. Feito. Mas o resultado não foi bom. Vieram caipivodcas sem açúcar e o limão parecia aquele suco grosso, feito mais cedo ou artificial. Uma ducha fria nas expectativas. Tínhamos de perseverar, afinal a vista estava maravilhosa. Solicitamos as correções de rumo. Os bolinhos de bacalhau estavam bons e a fome era grande. Pedimos mais bolinhos. Erraram de novo. Os bolinhos da segunda porção estavam gelados por dentro. Alguém se esqueceu de esquentá-los direito quando saíram da geladeira. Desagradável. Mas relevamos, a vista estava maravilhosa! Ordenamos peixes e uma caçarola de frutos do mar. Para um restaurante colado numa colônia de pescadores, os pratos não impressionaram. Faltou o encanto. Para terminar, experimentamos as sobremesas, torta alemã e torta brigadeiro, que também se mostraram de sabor burocrático. O café expresso fechou a refeição dos desiludidos. Acho que o Marimbás não estava com disposição de receber visitas naquele dia.
Não tivemos sorte na excursão ao reduto da boa vida carioca. Deve ter sido azar. Mas uma coisa é certa: a vista estava maravilhosa.
- Gustavo Gluto-
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