Seu Severino
Meu marido é muito ligado em política. Religiosamente, ele assiste os jornais da noite, principalmente as notícias da política nacional. O problema é que fica indignado com os casos de corrupção e outros escândalos do governo. Ele fica descontrolado e acaba por levar sua indignação para nosso leito matrimonial. O senhor pode imaginar que as coisas não vão bem. O insucesso do governo e as violências contra nossa cidadania acabam se transformando em insucessos e violência nas nossas relações carnais. Que posso fazer para mudar este estado de coisas?

Amélia, São Gonçalo/RJ

a palavra de Severino:
A coisa é séria Dona Lurdes! Eu sou de opinião que a senhora vai ter pouco resultado em tentar mudar o estado de coisas no Brasil assim de supetão. Minha recomendação é que a senhora persista em mudar o moço que tomou como esposo.

De certa parte compreendo a dificuldade do seu homem em conviver com a política do país. Seu marido, coitado, precisaria ser um bode reprodutor de raça para mostrar serviço pensando nas imagens eróticas dos FHC e ACM. Me admira que ele ainda se atreva a tentar. Eu, cá na minha alienação ignorante, abandonei toda ambição de compreender estas coisas do poder. Desde então sou muito mais feliz. Foi muito bom pro meu tratar com as moças.

Já esse negócio de violência, eu num gosto não. Não mostra justeza que seu marido reproduza em casa os maus tratos inafiançáveis que os homens do governo fazem no povo. Esta prosa de que o governo dá o exemplo e ele está só de imitação, pode ser muito apenas mais uma desculpa de quem tem queda pra bater em mulher. Já teve um Rodrigues que falava que as moças gostam. A sabedoria dos jagunços coloca muita mal trato entre os machos. Mas mulher é pra dar vestido de chita bonito para o prazer de tirar depois. É pra gente venerar. Melhor ainda se ela for prendada no fogão.

Meu conselho é que, se a senhora não se agrada da prática de artes marciais, tome tenência e pé na estrada. Já se o radicalismo lhe apetecer, a senhora pode aproveitar um momento de distração do indignado e fazer justiça nos modos do nordeste, quer dizer, com as próprias mãos. Como pescador, lhe digo que tem umas faquinhas pequenas que servem para limpar peixe ou, no caso, extirpar o mal do seu marido pela raiz. Mas, meu conselho, nos dias presentes, é para o trabalho na legalidade. Por que não procura a ajuda de uma dessas polícias que não entendem um carinho mais forte, as chamadas delegacias de mulheres? Pra esses casos elas têm serventia.

Agora politicamente correto, Severino


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06junho1999
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