A rapadura e a dita dura

A editoria de Polemikos me retirou do ostracismo de frutos do mar em que me colocaram para tratar de polêmica importantíssima para as cores do panteão nacional. Devido às minhas origens naturais no nordeste brasilis, tenho todas as condições para emplacar e impactar tão obrosa discussão. Deixando os preâmbulos e prepúcios necessários a uma boa introdução, coloco que realmente o tema é de suma importância. O sumo da seiva da cana de açúcar é produto do suor brasileiro (e também dos nosso irmanos cubanos, mas isto já é outra querela) e deve ser preservado. Eu, que sou filho não transgênico das estepes pernambucanas, me mobilizo com toda força de minha imigração para defender o direito inalienável do nome (ou treidimarque) da rapadura para o solo tupiniquim. Prometo de viva alma me sudorizar e solidarizar com esta campanha que já cresce que nem fogo no canavial seco ou órgão de paraíba necessitado. Mas, ganhamum no seco anda e eu tenho que dizer algo de útil nesta fala.

Defendo aqui que meu engenho e arte veio do engenho de Santa Rita onde da garapa escura se fazia a tenra rapadura, tesa que só ela, mas mole no meu coração meloso. Sem querer me sobrepor a magnânima estudiosa do iminente desejo feminino, a eminente Eugénie de Franval, titular de títulos homéricos, cuja defesa do duro causa arrepios a um predestinado sem terra que atingiu o clímax aqui nas terras cariocas, eu, Severino I, o Zéfiro, conclamo à defesa da rapadura, de seu nome, seu domínio para nós brasileiros. Em seu nome, propalo suas qualidades ergonômicas para propiciar a desenrugação do prepúcio (novamente?) e provocar o enrigecimento do órgão, que, como o cimento, é desejado em duro concreto. A dita rapadura é energia, permite que o sub-humano nordestino antes-de-tudo-um-forte retire, das entranhas do solo seco esturricado, a alegria da estrovenga alerta.

Alguns podem dizer que além de pobre, duro, sou grosso e duro. Absolutamente verdadeiro. Entretanto, entre as tantas opções repugnantes que a vida nos oferece, me sinto loterizado por me impugnarem com a fama de adorador de tantras. Não me curvo às críticas de que só me atraem as femininas curvas. De origem humilde, se Direito fosse, talvez chegasse a ser um rábula bem sucedido em Caruaru e não o perseguidor de rabos em que me tornei. Entre nossa amiga Eugenia Corazon e Eugénie de Franval, fico sobre a segunda. São tempos difíceis, onde a rapadura santa pode trazer algum estímulo saudável a estas moças que afirmam preferir, junto a elas na cama, um bom livro a um animado companheiro. Rogo para que a coisa mude e interrogo se a falta do interesse feminino pela nobre arte pode ser resgatada pela introdução da rapadura no hábito de comer destas moças.

Não sou apenas pessimismo nato. Recentemente, uma amiga detentora da deliciosa mania de fotografar cada amante que por ela passou e lhe passou as armas, apresentou seu book a uma ninfeta de 16 anos. A menina tomou-se de interesse por aqueles falos em descanso, dedicando profunda atenção às imagens. Instada a comentar sobre aquelas hombridades, a moça, ingênua, perguntou: - Aí tia, quer dizer que é assim que eles são quando estão moles?

Como vêem, ainda há salvação.

- Severino -


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21novembro1999
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