Araponga Maranhense

Meus contatos no nordeste são muitos. Consegui material com um araponga amigo, o Marcio Fortes, que faz biscates na telefonia informal do Maranhão. Ele obteve boa conversa entre uma governadora e seu marido. O material mostra que, como diz o velho ditado maranhense, "quando se aperta o saco do jactante, sua verdadeira alma prevalece". Vejam os trechos mais picantes dessa prosa cordial:

Governadora: Porra Jorge, você é um peso em minha vida. É uma mula. Que incompetência. A gente armando um golpe de bilhões e você se deixa pegar por meros milhão de reais. Que pobreza!

Marido: Pera aí! Pera aí! Você que fez merda. Tava tudo andando como sempre. O dinheiro entrando doce. Você é que botou na caraminhola que tinha de aparecer. Ficava que nem doida dizendo que agora o estadual era pouco. Eu quero o federal! Eu quero o federal! Parece demente. Se você não tivesse se metido na aventura da candidatura a presidente, a gente continuava faturando na maciota até o final dos tempos.

Governadora: Deixa de ser medíocre seu burro. A gente tinha que aumentar a aposta. Mais dia, menos dia, vinham atrás da gente. A solução era ser mais ousada. Você é que foi displicente. Achava que o governo não viria atrás dos meus podres. Seu paspalho. E tu ainda eras meu assessor de planejamento. Cadê o profissionalismo?

Marido: Mas querida, a gente não tava preparado para esse tipo de coisa. Como é que eu podia acreditar na possibilidade da polícia me investigar aqui no Maranhão? Vivendo na sombra do teu pai, a gente ficou relaxado. Pô! A gente é poderoso ou não é? Ahh... só queria saber quem foi o puto que nos entregou. Se eu descobrir, mando cortar o saco do filho da mãe.

Governadora: Vamos parar de choramingar e vamos as coisas práticas. As vinte e tantas versões que você deu para o dinheiro achado na nossa empresa não colaram. Agora, só nos resta uma solução!

Marido: E temos alguma? Qual é?

Governadora: (em tom solene) Sacrificar os dedos para não perder a mão. Se demorarmos, até o braço a gente perde.

Marido: Qué isso? Tá com alguma coisa nas mãos? Tá doente de novo? Meu marimbondinho de fogo, você tá muito culta pra mim. Diz logo qual é a trampa.

Governadora: É simples. Você se entrega. Diz que fez tudo sozinho e eu não sabia de nada. Eu fico no papel de esposa traída. Isso aqui no nordeste é até romântico. O eleitorado feminino vai me apoiar e eu ganho a eleição fácil. Você ficará mal. Mas, por pouco tempo. A gente te arranja os melhores advogados. O povo esquece logo dessas coisas. Depois que eu estiver lá em cima, a gente dá um jeito de te soltar. Que tal?

Marido: ... ?

Governadora: Fala homem. Ficou abestado, porra?

Marido: É. Acho que assim pode dar certo. Com esse estardalhaço você é capaz de se eleger mesmo.

A fita acaba aí. Só podemos imaginar os primeiros pensamentos dos dois depois do papo:

Governadora: Se o otário topar essa eu me safo.

Marido: Pra fugir do país agora, vou para o Caribe ou atravesso a fronteira no Uruguai?

- Severino -


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16março2002
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