O
rastilho Morreu um participante do Movimento dos Sem Terra! Agora há um mártir. Aquela preocupação, declarada recentemente pelo presidente FHC, com relação à instabilidade das instituições civis brasileiras, é justificada. Configuram-se os sintomas do desequilíbrio interno. Conclusão como essa, sobre a gravidade de revolta social não costuma aparecer nas manchetes dos jornais. Em parte por que a imprensa é aliada do poder. De outra parte, por que, até por uma medida de sanidade, não há ganho social em insuflar a radicalização de posições. O precário equilíbrio atual pode se romper de um momento para outro. A população está insatisfeita. Se esta insatisfação, que até agora parecia se limitar às reclamações individuais, se tornar coletiva, as coisas podem ficar desagradáveis. Parece paranóico? Pois é, até acontecer, tudo é apenas exercício teórico. Depois que acontece, resta apenas a lamentação generalizada. Um panorama geral do Brasil hoje nos mostra o quanto estamos perto de um quadro propício a botar fogo no rastilho. Cada notícia de jornal contribui para dar um pincelada no quadro da instabilidade. É desemprego aqui! A produção do país aumenta diz a manchete econômica mas acompanhada da diminuição dos postos de trabalhos. Ou seja, importamos a automatização, geramos empregos no exterior e, aqui, o desemprego aumenta. É corrupção por todo canto! Os trambiques são uma constante na mídia, mostrando o grande desperdício decorrente da incompetência, aliada à esperteza, aliada, enfim, ao puro banditismo. A corrupção crônica floresce e impede que sejamos economicamente viáveis. É o baixo nível despudorado dos políticos! Estes, cada vez mais longe da discussão do destino da nação, brigam por cargos, áreas de influência e exercitam a truculência para ocupar espaços de poder. É o presidente omisso! FHC dá sua contribuição ao cenário. Ele não está nem aí. Não é com ele. De vez em quando, em viagem no exterior, declara que tem asco dessas práticas nacionais. E mais, não faz. O equilíbrio institucional começa a dar sinais de fadiga e fazer água pelas brechas da desorganização reinante. Uma greve nacional de caminhões não deu certo. Ou quase deu certo. Deve-se ter atenção. Caminhoneiros insatisfeitos são perigosos. Caminhão parado rima com desabastecimento. A imagem de uma corrida aos supermercados é assustadora. Vale lembrar que a CIA usou os caminhoneiros do Chile para levar o caos ao governo de Salvador Allende. Depois ele foi derrubado e morto. E agora morre um membro do MST. Agora há um mártir. Minha impressão é de que a pólvora já foi colocada como um rastro no chão. Só falta o fósforo. A faísca. Será agora ou mais tarde? - Ernesto Friedman- |
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