Tirésias não vai. E você, vai? O turismo é uma fonte de renda importantíssima para o Rio de Janeiro. A natureza proporcionou à nossa cidade um conjunto de recursos de primeira grandeza. A combinação de mar, baía, lagoa e montanha, que os cariocas dispõem, é uma preciosidade reconhecida em todo mundo. Mas, o "padrão de esculhambação Brasil" é forte o suficiente para destruir este potencial de riqueza para os brasileiros. Aqui, o turismo é desperdiçado. Mesmo com as vantagens da localização geográfica e do passado histórico da Espanha, é surpreendente que este país receba um volume dez vezes maior de turistas que o Brasil. E nós, o que fazemos para trazer os turistas para cá? O que fazemos para trazer eu não sei, mas o que nossa desorganização, corrupção e incompetência fazem para afastar os curiosos que pretendem vir aqui, salta aos olhos. O final de ano mostrou sinais inegáveis de que estamos mal. Primeiro, cedeu o alambrado do campo do Vasco. O acidente não foi maior por pura misericórdia divina. Se a cerca não tivesse rompido, grande número dos torcedores vascaínos, que acham o máximo o notório Eurico Miranda, seriam esmagados pela falta de respeito da presidência do Vasco pela segurança dos espectadores. Resumo: o maior campeonato de futebol do país é encerrado melancolicamente com a contagem de mais de uma centena de feridos. Como resultado, meu filho (que é flamenguista fanático) não assiste jogos grandes, em particular Flamengo e Vasco, devido à insegurança. Com este acontecimento, ele viu que o perigo é maior e vai reduzir ainda mais sua presença em estádios. Como futebol é uma das poucas coisas em que nos destacamos mundialmente, outros brasileiros e turistas vão se contentar em ver o jogo pela tevê. Pior para todos nós e para o lucro que o Rio poderia ter se soubesse explorar sua vocação de centro mundial do futebol espetáculo. Ficamos assim: O Brasil é o país do futebol, mas quem movimenta e ganha dinheiro mesmo com a bola rolando são Inglaterra, Espanha e Itália. E os fogos de fim de ano? Eu sempre achei aquele evento arriscado. Milhões de pessoas aglomeradas em volta da área de lançamento de fogos de artifício é óbvia exposição ao risco. A sorte (por aqui, somente ela vela por nós) vinha nos protegendo até agora. Mas este ano a coisa deu errado. Além da imprevidência geral da Prefeitura de deixar os fogos serem lançados da areia, houve a habitual irresponsabilidade criminosa dos envolvidos. Os espanhóis desse caso (lembram que o Bateau Mouche, que afundou na baía de Guanabara, também era de espanhóis), que fizeram os tubos dos fogos com PVC, foram típicos exemplos da impunidade anunciada. Foram assistir os vídeos do acidente, concluíram que aquilo poderia dar em processo e, em poucas horas, já estavam no aeroporto saindo do país. Emblemático. Os fogos de Copacabana já estavam inscritos no circuito mundial, mas, como somos especialistas em matar nossas galinhas dos ovos de ouro, o Rio vai aparecer no mundo como o país em que o povo, literalmente, brinca com fogo e se machuca. E mais uma boa quantidade de turistas desistirá de vir à Cidade Maravilhosa passear. Isto vai gerar menos emprego, menos salário, ou seja, estas coisas sem importância para os brasileiros. O próximo megaevento é o Rock in Rio. Meu filho vai. Eu e outros milhares de pais vamos ficar em casa imaginando se no meio do show do Sting, um lutador de jiu-jitsu maluco (redundância!) vai gerar um tumulto, alguém vai sacar o revolver e atirar, todos vão correr, alguns vão ser pisoteados e o Rio vai emplacar mais uma manchete de violência, incompetência e insegurança para o mundo se admirar. Ou não! É fato que a produção do Rock in Rio está preparando uma grande infra-estrutura de segurança para os shows. Além de tudo, a organização do show deve estar escaldada com as últimas ocorrências e vai aumentar a segurança. Puxa vida, como eu gostaria de acreditar nisso. Para mim, entretanto, a única atitude racional que resta é apelar para a solução típica brasileira: OREMOS! - Tirésias da Silva - |
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