Lula, Irretocável Dou a mão à palmatória! Em dezembro de 2001, eu escrevia, a propósito da corrida para eleição presidencial: "E o Lula? O Lula é o de sempre. É o homem dos 30% de intenções de voto que não passa disso na hora H. Seu índice de rejeição é imbatível. Deverá ser mais uma bola fora do PT." Errei. Ou o PT leu meu artigo (pretensão é isso!), ou o PT já tratava de corrigir sua estratégia perdedora tradicional. Enfim, o que assistimos até hoje – 8 dias antes das eleições – foi o PT fazendo uma campanha irretocável. Vejam só. Nas últimas eleições PT vinha insistindo no isolamento que lhe garantia o quê? O isolamento! Não havia negociação com outros partidos e o PT passava a imagem da inflexibilidade e facilitava ficar com a pecha do partido da esquerda radical. A inicialmente estranha (afinal ninguém estava acostumado) aliança com o PL, mostrou que o partido estava pronto a ceder para chegar ao poder. O discurso de Lula estava bem treinado: "O PT se aliou porque mudou e percebeu que o povo queria que ele se aliasse. O Brasil mudou e o PT também mudou." Claro e simples. A escolha de um candidato a vice pertencente ao PL, extraído do empresariado, foi um amortecedor para as críticas focadas no passado do metalúrgico líder de greves. Lula estava pronto para ser aceito até mesmo pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Por sinal, a mesma Fiesp que está ressabiada com a política econômica padrão do governo de FHC, que mantém os juros nas alturas e impede o crédito, o consumo e, lá no início da cadeia produtiva, o crescimento industrial. Quando Garotinho, num debate, tentou colocá-lo na berlinda questionando as alianças do PT, Lula derrubou o garoto da cadeira: "Garotinho – disse ele – você só não se alinhou porque não conseguiu alinhado. E bem que tentou." Além de tudo isso, o PT se mostrou minimamente competente para aquietar o MST. Sobre isso, como ainda falta uma semana para as eleições, deixa eu bater na madeira: toc toc toc. Restava aos concorrentes o argumento de sempre de apontarem sua falta de preparo. Afinal Lula é um metalúrgico sem curso superior. Ele nunca teve cargo executivo. A resposta do PT foi brilhante. O marqueteiro de sua campanha, Duda Mendonça, colocou Lula apresentando sua equipe. A idéia é que não é o presidente que vai tocar a máquina do governo, é a equipe. Se esta é competente, o governo também o será. Na entrevista no auditório de O Globo, Lula, afiadíssimo, enterrou o argumento, "O Brasil não precisa de um administrador na presidência, precisa de um líder!" Chegou a emocionar. O destino também deu uma mãozinha. A competência do PT foi ajudada por Garotinho e Ciro Gomes, que atacaram o candidato do governo e impediram Serra de polarizar com Lula. Imaginem que nesta eleição quem ganha no quesito rejeição é o Serra. Todos atacando o candidato do governo, sua magnífica antipatia e o peso de carregar os resultados medíocres dos 8 anos de FHC foram excessivos para deslanchar a campanha de Serra. O pior para José Serra é que, aparentemente, até FHC acha Lula uma solução boa para o Brasil. É claro que esta percepção do atual presidente não é tão altruísta assim. Provavelmente FHC já espicha o olho para a possibilidade de voltar, na próxima eleição, como salvador da pátria que ele vai passar arruinada ao seu sucessor. Estamos, pois, chegando ao dia 6 de outubro com Lula com chance de levar no primeiro turno. Os jornais de hoje mostram Brizola fazendo o que nosso artigo recente pregava para Garotinho tomar iniciativa. Brizola diz que se der para Lula ganhar no primeiro turno, ele recomendará que o PDT vote no sapo barbudo. Gente, a História do Brasil nos próximos 10 anos pode estar se delineando por estes dias. Vamos torcer e fazer o que é útil à nossa terra: trabalhemos e votemos para fazer Lula presidente no primeiro turno. - Tirésias da Silva - |
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