Meu Nome é Joe My Name Is Joe
ExistenZ ExistenZ

Realidade boa e virtual ruim

Festival de cinema é assim mesmo. É como uma roleta. Você se depara com os mais variados resultados cinematográficos. Comecei o Festival do Rio com Almodóvar. Muito bom! No segundo dia encontrei Meu Nome é Joe, de Ken Loach. Outra jóia da qual falarei mais abaixo. Terceiro dia, cheio de confiança, decidi tentar algo ousado. Arrisquei um filme de Cronenberg. Para quem não lembra, ele é o mestre do mal estar. Bem, seu novo filme, ExistenZ, de certa maneira, provoca mal estar. Foi uma das piores torturas em câmera escura que já passei. Esperem. A tortura não se deu por o filme ser aterrorizante, repugnante ou qualquer outra intenção do autor. O filme é apenas muito ruim. Uma grande besteira pretensiosa. Resumindo: as qualidades do Joe, de Ken Loach, visto na véspera, só ressaltam a incompetência de Cronenberg.

Meu Nome É Joe trata de um tema comum a safra de cinema do momento. O filme fala dos excluídos, dos deixados de lado, dos loosers. É aquele contingente que a cada dia aumenta mais em nossa civilização globalizada de final de milênio. Joe é um desempregado ex-alcoólatra que treina um time de futebol formado por jovens também sem perspectivas sociais como ele. O título do filme é justo. A história retrata vários personagens, alguns deles muito interessantes, mas todos servindo para mostrar os detalhes do personagem Joe, numa bela interpretação de Peter Mullan.

Loach tem sensibilidade para mostrar gente comum, suas fraquezas e, ao mesmo tempo, sua luta para evitar a submersão na sociedade impiedosa. Joe e seus próximos se debatem para sobreviver. Os personagens são pintados com esmero. Cada expressão de Joe é trabalhada para definir o matiz do seu sentimento. Joe é um personagem nobre. Ele consegue brilhar na vida marginal de pobreza, desemprego, falta de oportunidade. Loach cuida para que este tema não descambe para a violência gratuita do cinema de consumo. Meu Nome É Joe mostra que o cinema está aí para juntar sentimentos, contar histórias e nos trazer saudável inquietação sobre nossa atualidade. É filme imperdível.

E o Cronenberg? Bem, este senhor conseguiu um nicho de sucesso que lhe dá a oportunidade de fazer filmes ridículos como ExistenZ. É impressionante como a crítica pode ser tão tolerante com Cronenberg a ponto de dizer que ele faz um filme ruim, classe B, e desculpar isto dizendo que é intencional. Cronenberg, quando lê estas críticas favoráveis, se tiver algum bom senso, deve rir a valer da ignorância dos críticos. ExistenZ é uma paródia mal contada do tema de Total Recall, de Paul Verhoeven. Mas o filme estrelado por Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone, acreditem, é muito melhor. ExistenZ é um videogame do futuro onde os jogadores se integram totalmente à realidade artificial criada pelo jogo. O também roteirista Cronenberg não entende de jogos. O roteiro que escreve para o seu videogame é medíocre. Qualquer Pokemon é melhor! Se é para propor jogo em computador, chama o George Lucas.

Cronenberg é responsável por obras com diferentes graus de exposição de entranhas, tais como A Mosca, Crash e o mais eficiente deles: Gêmeos, Mórbida Semelhança (Dead Ringers). A prepotência de Cronenberg faz com que ele ache que basta pontuar seu filme com explícitas misturas de carne e sangue, para que este se torne uma obra respeitável. Até nisso ele falha. Fica um nojento empostado. Repugnante mesmo é usar uma idéia gasta, um roteiro bobo e um ritmo lento para roubar o tempo de quem vê o filme. A produção das quase criaturas que povoam o filme mostra alguma qualidade, mas afunda na indigência geral.

Fica uma certeza: não vale a pena alugar o jogo ExistenZ de Cronenberg. Continua melhor insistir em viver a vida. Se possível, com a vitalidade demonstrada por Joe.

cotação:
Meu Nome é Joe   
ExistenZ    

- Eugenia Corazon -


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opinião dos leitores sobre o artigo acima ( ver artigo )

08.11.2003

acho q vc nao tem saido muito de casa, nem visto muitos filmes...
ver faustao deve te fazer bem, acho q vc nao perde um epsodeo do Gugu, e deve passar suas tardes revendo big brother q vc gravou...
ACORDE PARA A VIDA, eXistenZ é um puta filme e mostra muita coisa q vc nao vai conseguir ver nunca, q pena.. quem sabe um dia vc nao evolui e abre sua cabeça para coisas novas e de qualidade..
beijo na bunda ...


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25setembro1999
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