E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? O Brother, Where Art Thou?

E aí, brother Coen?

O que faz um filme uma obra especial? A história e os detalhes do roteiro? A qualidade dos atores e sua direção? O bom uso da fotografia? Uma boa música? O Brother, Where Art Thou? tem tudo isso. O novo filme dos irmãos Coen é mais uma boa realização dos criadores dos cultuados Barton Fink e Fargo. Sem abrir mão de sua busca por um produto de qualidade, eles produziram este "O Brother", filme mais digerível pelo espectador comum e que deverá ter maior receptividade pelo grande público.

O maior clássico das aventuras, a Odisséia de Homero, é a linha mestra escolhida pelos Coen para narrar as peripécias de três presidiários em fuga no sul dos EUA, na década de 30. O prolixo herói Ulisses, protagonizado pelo superstar George Clooney, apresentando um inglês com sotaque quase ininteligível, exercita sua perplexidade frente às situações que a aventura oferece. Clooney, junto com o sempre bom Jonh Tarturro e Tim Blake Nelson, formam o trio principal, afinados até para formar um grupo de música country! Os heróis e os estranhos personagens encontrados nesta odisséia são interpretados no limite do caricatural, servindo para criar bem sucedidos momentos de humor na história. A Penélope do filme é uma Penny, interpretada por Holly Hunter. Para representar o mitológico cego vidente Tirésias, foi escolhido um velho negro que nos resume a história e dá um empurrão inicial nos aventureiros. A propósito, Tirésias está se tornando uma figura mais comum no cinema, Woody Allen escolheu um mendigo cego (Jack Warden) para representá-lo em a Poderosa Afrodite.

A fotografia é excelente e discreta. Usada com eficiência, se movimenta com naturalidade entre a apresentação das amplas e belas paisagens, e as expressões faciais dos personagens que Ulisses encontra em seu caminho. 

A música caipira do interior americano da década de 30, como um samba de raiz, é surpreendentemente agradável. O show dos ex-presidiários cantores, já famosos, é um ponto alto do filme. Dá vontade de investir na compra do CD da trilha sonora.

Mas, o melhor do filme é a edição dos Coen, que dá o ritmo certo e amarra todas aquelas qualidades que, misturadas por mãos erradas, poderiam desandar o bolo. Ao mesmo tempo, essa maior virtude é o ponto mais frágil, os episódios segmentados da Odisséia criam alguma descontinuidade ao roteiro. Entretanto, nada que o conjunto da obra não supere com folga. Se você gosta de detalhes cinematográficos, este é um prato de degustação. Se você sai de casa apenas para ver filmes divertidos, vai ficar plenamente satisfeito. Pode até ser difícil explicar porque gostou. Não se perturbe. Deixe essa tarefa para os críticos de cinema metidos a besta. O fato é que os irmãos Coen acertaram de novo. Melhor pra nós!

 - Ernesto Friedman - 

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02novembro2000
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