Corpo Fechado Unbreakable

O Bem e o Mal

A luta entre o bem e o mal habita nosso pensamento há muito tempo. Nosso pensamento e nossas dúvidas. Afinal, o que é ser bom e o que ser mau? Quem é absolutamente bom? Exceto alguns personagens de novela importada, nenhum de nós é 100% bom. Todos temos uma pontinha ao menos de maldade. Seja um ato ou um pensamento. Uma vontade.

Pois é da luta entre o bem e o mal que trata o filme Corpo Fechado (Unbreakable) de M. Night Shyamalan com Bruce Willis. Os dois já haviam trabalhado no ótimo O Sexto Sentido e talvez resida aí um dos primeiros problemas do filme. Há uma expectativa de que se depare com um filme do mesmo tipo ou da mesma qualidade. Há ainda a vontade ou o receio de que se trate do mesmo tema. Enfim, isso gera expectativas e expectativas em geral são negativas. Sempre evito ter qualquer expectativa antes de ir ao cinema. Nem sempre consigo. Mas vamos falar sobre o filme antes que alguém reclame.

O filme é lento e tem dificuldade de prender a atenção do espectador. As cenas são arrastadas e os personagens não inspiram simpatia no público. Há necessidade de ter paciência para acompanhar o desenrolar da trama. O filme é escuro. Tudo é dark. Os ambientes são deprimentes e soturnos. As tomadas são pobres e parcas. O filme é triste, os personagens são tristes, até mesmo as crianças. A vida é triste nesse filme.

Apesar de tudo isso o filme é ótimo. Mesmo sendo lento, dark e triste. É ótimo por conseguir mostrar tão bem como é angustiante a luta do bem contra o mal. E é ótimo devido, principalmente, às atuações de Bruce Willis e Samuel L. Jackson. É raro um ator expressar tão bem o estado de espírito da tristeza como faz Willis. Ele representa um personagem extremamente triste e angustiado. Tão angustiado que sem que percebamos, vamos, ao longo do filme, nos sensibilizando com sua angústia e inexplicavelmente, simpatizando com ele e seus dilemas. O trabalho de Jackson é como sempre brilhante. É o condutor da trama. É o guia da história, que a exemplo de O Sexto Sentido, tem um final revelador.

É ótimo assistir a um filme como esse, que nos faz pensar na farsa da dicotomia entre o bem e o mal, e leva a reforçar, a mim pelo menos, a convicção de que as coisas não se dividem simplesmente entre boas e más. A vida não é tão fácil assim, como numa novela mexicana ou numa história em quadrinhos de super-heróis. Ainda bem.

Enfim, um filme pode ser ótimo mesmo com uma porção de problemas. Afinal, a vida é cheia de problemas e também pode ser ótima.

- Arnaldo Heredia -

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23janeiro2001
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