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um paraíso de praias a uma hora do Rio de Janeiro
chegar – dormir – passear – comer&beber – comprar
Ilha Grande tem 106 praias e mais 100 pousadas. É um lugar abençoado pela combinação de mar e montanhas, que cria paisagens belíssimas. O ponto mais alto da ilha chega a mais de 1000m de altura, fazendo valer a influência da Serra do Mar, que avança para dentro do Oceano Atlântico nesta região do Estado do Rio de Janeiro. A mata domina a ilha. Os espertos que chegaram cedo construíram mansões em terrenos isolados à beira do mar onde só chega de barco. Em geral, as casas respeitam a paisagem. Marcante exceção é a casa que de Castor de Andrade, onde, com típica falta de gosto e cerimônia, cortou-se um pedaço da mata e ergueu um paredão nu horrendo. Provavelmente a causa foi nobre, por exemplo, ampliar a churrasqueira do finado bicheiro. Os poderosos curtem Ilha Grande passeando em suas velozes lanchas e freqüentando os restaurantes com ancoradouro, construídos especialmente para recebê-los.
A Praia de Abraão é o centro da Ilha e onde fica o maior número de pousadas e restaurantes para os pobres mortais. É um arraial simpático, onde a frente de casas da orla combina com os barcos estacionados na praia protegida do mar. O maior problema da Ilha Grande – como acontece em vários lugares de turismo no Brasil – é a falta de uma solução para o esgoto. A cidade cresceu, a população idem, mas o sistema de tratamento de esgoto espera que algum político precise de votos e use esta bandeira para se eleger. É uma vergonha. dizem que a estação de tratamento foi trazida para a ilha, mas não foi colocada em operação. Resultado, um filete de líquido preto (literalmente, uma língua negra) forma pequenos lagos de lama e água escura onde, a tarde inteira, passeiam os urubus. O lago transborda de tempos em tempos e a sujeira chega ao mar, tornando a praia interditada ao banho. É um choque para o turista e um desafio para aqueles que querem desenvolver o valioso potencial turístico desse paraíso a cerca de 90 min da Cidade Maravilhosa. Ilha Grande é um exemplo da incompetência que demonstramos na exploração de nossas riquezas. Mas, mesmo assim, é bonita.
Para aproveitar bem a ilha é bom lembrar de levar na mala, para aproveitar as oportunidades de mergulhos, um snorkel e pé-de-pato. Para as caminhadas, é fundamental ter uma boa sandália resistente à água salgada. Se for no inverno do Rio de Janeiro (?), recomendo um agasalho para os passeios de barco e para sair a noite.
Do Rio, de ônibus, pela empresa Costa Verde, saindo da Rodoviária Novo Rio, chega-se à estação da Barcas S/A em Mangaratiba. Pode-se ir por Angra onde tem outra estação das barcas, mas Mangaratiba é a melhor opção para quem vem do Rio. O ônibus que sai às 5:20h da manhã chega com folga para pegar a barca, que parte às 8:00h. De carro, é bom sair do Rio por volta de cinco e meia da manhã. Se seu pneu não furar e você for saqueado pelos locais, a viagem pela Av. Brasil é mais rápida que indo direto pela Barra. É só ir até o final da Av. Brasil e tomar a Rio-Santos a direita. A viagem de barca a partir de Mangaratiba leva 90 min. e custa R$5 nos dias de semana e R$22,50 no sábado e domingo. (veja mapa)
Fiquei na Pousada Ancoradouro, lá no final da Praia do Canto (Rua da Praia 121.
www.ancoradouro.ilhagrande.com.
tel. (24) 3361-5153, 3361-5900, 3595-0940). Bem localizada para quem quer ficar perto de tudo e longe do bochicho da Praia do Abraão, na Rua da Praia. Os quartos são de bom tamanho, com ar condicionado e excelentes banheiros. Ana Maria Cardoso toca a pousada com simpatia e as coisas funcionam direitinho.
Passeios de barco e caminhadas são os programas típicos de quem visita a ilha. Um passeio perto da Praia de Abraão é a caminhada de 1 hora para conhecer a Praia Preta, as ruínas do antigo presídio Lazaredo, o aqueduto e uma piscina natural no alto do morro, dentro da floresta. Do caminho tem-se uma boa vista da Praia do Abraão.
À 1:30h de barco, partindo de Abraão às 10:00h, chega-se à praia de Lopes Mendes. O passeio a esta praia do lado aberto da ilha é obrigatório. Lopes Mendes é uma praia grande, preservada, sem casas que estraguem sua beleza selvagem. O mar tem boas ondas e, claro, os surfistas estão lá. O barco chega na praia de Palmas e, daí, anda-se (30 min de trilha) até Lopes Mendes, que está do lado da ilha aberto para o mar. No meio do caminho para Lopes Mendes há um caminho para a praia vizinha: Santo Antonio. Pequena e cercada de rochas, seu visual justifica os 10 min de caminhada. O retorno é às 16:00h. Vale a pena pegar um barco grande. O mar na ponta da ilha é mexido e os barcos pequenos jogam muito. Aquele em que fui era pequeno. Conforme o barco começou a jogar, os turistas brasileiros, escolados de Bateau Mouches e um recente afundamento em Cabo Frio, trataram de vestir os coletes salva-vidas, os semblantes ficaram carregados, o bom humor desapareceu. O lado bom da história é que pelo menos os nativos tiveram a reação mínima de buscar a sobrevivência. É um avanço.
A Lagoa Azul é lugar especial. A cor e transparência da água esverdeada fazem deste ponto o lugar perfeito para os barcos pararem para um mergulho.
A Cachoeira da Feiticeira pode ser alcançada caminhando desde de Abraão, entretanto vale a pena tomar um barco até a praia da Feiticeira (ver foto) e, de lá, uma fácil caminhada de 30min nos leva à simpática cachoeira de 12m de altura .
Fomos ao restaurante Lua e Mar (Praia do Canto
lua.e.mar@uol.com.br
tel (24) 3361-5113), localizado à beira da praia e com decoração simples. A caldeirada de frutos do mar estava boa, assim como os camarões da entrada e o risoto, este também de camarões. Mas, o que marcou o lugar positivamente foi o risoto de lula. O cozinheiro acertou. As caipivodcas estavam de acordo para calibrar o nada fazer dos turistas. Ponto para a moça que nos atendia, que não nos deixou arriscar o vinho disponível, que era pouco recomendável e caro para sua qualidade.
Gostei dos Rei dos Caldos. Restaurante localizado numa transversal, a Rua Santana, que vai dar na Rua da Praia, é famoso por seus caldos saborosos e de preços acessíveis aos jovens que freqüentam a Ilha. Mas, é das menores moitas saem os maiores coelhos. O Caldos se saiu muito bem em servir caldeirada e moqueca. Não falhou também em atender gostos estranhos que pediram estrogonofe e picanha. Mas o que brilha mesmo são … os caldos! O de camarão e o de chilly impressionam. Vale conferir.
Para o café expresso, a loja de sorvetes, em frente ao cais das barcas, oferecia um Lavazza que atende o desejo dos viciados pela cafeína. Como a Lavazza está saindo do Brasil, não sei como ficarão as coisas na Ilha para os cultores do café.
O Bar Casarão da Ilha é o centro do agito noturno, é o Baixo Ilha Grande. Ferve no verão. É o lugar para “galera” azarar. É de bom tom conhecer outros idiomas. Os turistas estrangeiros são muitos e o inglês, francês e alemão correm soltos. Ali, regado à tradicional cerveja, faz-se o inventário dos passeios do dia e acerta-se a programação da noite, pois afinal, não só de ver praia e andar de barco se resume o prazer.
A Ilha não é para exercitar o consumo. A idéia é exatamente o oposto: fugir do comércio. Se não conseguir resistir, como paliativo, compre umas camisetas.
– Gustavo Gluto –