Noites Tropicais – solos, improvisos e memórias tropicais
Nelson Motta
2000,
Editora Objetiva

É inevitável lembrar dos livros Chega de Saudade de Ruy Castro e Verdade Tropical de Caetano Veloso, ao ler Noites Tropicais de Nelson Motta. Os três livros são indispensáveis para quem se interessa pela história da música brasileira.

O livro de Castro é um trabalho jornalístico de muita qualidade, com pesquisas e entrevistas feitas à exaustão, com a devida e indispensável checagem de dados de diversas fontes. Um trabalho quase acadêmico. Nesse livro, o autor vê a história do lado de fora, não se coloca nunca dentro do texto.

Ao contrário, no livro de Caetano, os fatos narrados contam, sem exceção, com a participação ativa do autor. Mais do que as informações históricas, as opiniões do compositor têm especial destaque na narrativa.

O livro de Nelson Motta está entre um e outro. Não é um trabalho jornalístico na essência da palavra. É um livro de memórias em que o autor procura sempre fugir da armadilha de destacar sua participação em cada episódio. E não se exime de contar os casos em que sua participação foi nula ou sua atuação tenha sido equivocada. Fala de diversos personagens sem fazer fofoca e nunca destila veneno ao citar eventuais desafetos. Enfim, não utiliza o livro como arma em nenhum momento.

O livro nos permite conhecer as diversas facetas de Nelson Motta. O conhecido agitador cultural nos revela suas atuações como produtor musical, crítico, jornalista e empreendedor (nem sempre com êxito). Mas o que mais se revela, ou nos chama a atenção, é a qualidade do letrista Nelson Motta. Obras como Saveiros, O Cantador, Como uma onda e Coisas do Brasil entre outras, produzidas com os mais diversos parceiros, têm lugar garantido em qualquer lista das melhores músicas do nosso vasto e rico cancioneiro.

O texto de Motta flui leve e fácil. É difícil soltar o livro. Quer-se continuar a todo custo. Destaco os capítulos dedicados a Elis Regina em que ele conta de maneira muito comovente os altos e baixos na carreira e na vida pessoal dessa extraordinária artista. Hilariantes são as passagens que tratam do impagável Tim Maia.

Enfim, um livro delicioso.

- Arnaldo Heredia -
colaborador


 
 

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29março2000
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