Náufragos, Traficantes e DegredadosNáufragos, Traficantes e Degredados
As primeiras expedições ao Brasil
Eduardo Bueno
1998,
Editora Objetiva

Náufragos, Traficantes e Degredados. Um título sonoro como esse poderia indicar que o livro de Eduardo Bueno tem como tema os membros da polícia civil do Rio de Janeiro nos dias de hoje. Também serviria como descrição do grupo de vereadores liderado pelo prefeito Celso Pitta, em São Paulo. Mas, deixemos de lado estas especulações. Uma questão importante é: Onde toda essa corrupção começou? Onde o Brasil deu errado? Um amigo economista, respondendo a essa pergunta, esclareceu: a culpa é do Cabral!

O livro do Eduardo Bueno conta a história do Brasil na época de Pedro Álvares Cabral. Ele descreve os primeiros (e um pouco antes) 30 anos do Brasil recém descoberto. É aquele período da história que ouvimos falar nas aulas do colégio e nos é ensinado através de uma rápida lista de expedições exploradoras. Foi a época em que os portugueses e espanhóis e franceses (e outros não houve por que não tinham conhecimento de navegação para aqui chegar) arrancaram o que puderam dessas terras meridionais e levaram para alimentar os cofres dos reinos da Europa. O pau-brasil foi o símbolo desse tempo. Tinha valor. Dele se extraía tinta para tingir os tecidos dos civilizados europeus. Conclusão: praticamente foi eliminado de nossas florestas.

Eduardo Bueno nos conta sobre esta grande aventura de navegadores e desbravadores do continente brasileiro. Gente ambiciosa, nada virtuosa, aventureiros intrépidos, que se lançavam a um oceano gigantesco em busca de uma montanha de prata que, acreditem, realmente existiu. Aventura muito maior do que aquela de algumas carroças que cruzariam mais tarde o norte da América em busca do oeste e que nos são tão familiares devido à cultura importada dentro dos filmes americanos. Quantas vezes você já viu a imagem de uma caravana, no deserto, caminhando em direção ao por do sol? Já viu alguma caravela atravessando o Atlântico? Claro que não. Nossa história não interessa. É a história dos perdedores. Que interesse pode ter o grande empreendimento ibérico e toda a técnica de navegação desenvolvida pela Escola de Sagres? O domínio dos mares pelos portugueses e espanhóis, e sua busca do ouro e prata do Peru, mobilizaram homens que se instalaram por aqui e construíram impérios de poder. Quem foi o Bacharel de Cananéia? Quase nenhum brasileiro sabe desse homem que teve pelo menos seis mulheres, 200 escravos a seu serviço, viveu até os noventa anos e foi senhor do litoral sul do Brasil naquela época.

O livro é um passeio para quem quer "viajar" na aventura desse esquecido período de nossa história. Bueno descreve os fatos de maneira leve, sem se aprofundar nas dificuldades de viajar, se instalar e viver em uma exótica terra tropical cheia de índios. Ele poderia ter falado mais sobre isso. Mas Eduardo Bueno deixa os detalhes para nossa fantasia. Lendo o livro, passamos a achar que a cantada e decantada aventura da Apolo XIII foi uma caminhada até à esquina, comparada com aquelas em que Manuéis e Joaquins tomaram parte há quinhentos anos.

- Tirésias da Silva-


 
 

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05abril2000
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