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Fogo nas Entranhas Pedro Almodóvar 2000, Dantes Livraria Editora Um novo filme da Pedro Almodóvar, quando entra em cartaz na cidade, sempre me arrasta ao cinema. É um diretor que me cativa e seduz. Gosto especialmente de Ata-me e de Mulheres à beira de um ataque de nervos. Pedro sabe como poucos captar o universo feminino, talvez mais até que as próprias mulheres. O lançamento de seu livro Fogo nas Entranhas me fez correr à livraria. É um livrinho pequeno, quase um pocket book. A capa é colorida e espalhafatosa, bem ao gosto estético desse diretor. O prefácio de Regina Casé já é um aperitivo delicioso, antecipando o sabor do prato principal que há por vir. O primeiro capítulo, entretanto, nos dá uma sensação de um prato morno e um tanto insosso. Ledo engano. Como faz em seus filmes, Pedro vai nos preparando para que saboreemos sua narrativa sem pressa, controlando nossa fome desvairada. Ao longo dos capítulos, vai nos envolvendo com a trama e os personagens, sempre surrealistas. Quase sem perceber, estamos tomados da mais absoluta curiosidade em saber como será o desfecho da história. Os capítulos são curtos, como quadros que se sobrepõem, entrelaçados por um enredo que aos poucos vai dando lugar, em importância, aos personagens. Eles vão tomando conta da cena e se libertando da vontade do autor. É fácil para os aficionados pelo trabalho desse cineasta, imaginar esses personagens nas peles de Javier Bardem, Antonio Banderas (nos seus bons tempos), Victória Abril ou Penélope Cruz. Ao término do livro, após não mais que alguns minutos do início da leitura, sentimos um grande prazer, como se estivéssemos saindo de uma sessão vespertina de um filme espanhol, num fim de tarde ensolarado e bonito. A tradução, sempre impecável de Eric Nepomuceno, é um ingrediente decisivo para o sucesso do livro. Vale a pena ler Fogo nas Entranhas. Assim como sempre vale a pena ir ao cinema para ver um filme de Pedro Almodóvar. - Arnaldo
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