eugenia corazon

Uma Janela Em Copacabana
Luiz Alfredo Garcia-Roza
2001, Companhia das Letras

Neste fim de ano, tempo de Natal e presentes, fui à livraria em busca de uma obra agradável para ler. Procurava um daqueles livros para exercitar o prazer da leitura. Deparei-me com a bela encadernação de Uma Janela em Copacabana, de Luiz Alfredo Garcia-Roza. A predominância do negro da capa nos remete (!) aos livros noir. Esperamos encontrar uma história com assassinatos intrincados e detetives com personalidades interessantes. Pois é justamente o que o livro traz! O detetive da história é o delegado Espinosa, da 12a DP, em Copacabana, presente em livros de Garcia-Roza desde seu romance de estréia: O Silêncio da Chuva, de 1996. Espinosa mora no bairro Peixoto, tem paixão por quibes, livros e mulheres. O detetive é honesto. Esta qualidade, aparentemente natural em um policial, faz com que sua vida profissional seja bastante desconfortável. O problema é que ele trabalha numa delegacia brasileira, onde corrupção é tão natural quanto são estranhos os crimes que acontecem.

É difícil não se fascinar pelo ambiente familiar (para os brasileiros em geral e os cariocas em particular) do bairro do Rio de Janeiro, retratado com carinho pelo autor. Garcia-Roza está afiado em seu estilo direto de contar história. Atendendo ao que o próprio delegado-leitor Espinosa espera de um livro: "boas narrativas, histórias bem contadas", Garcia-Roza nos oferece uma aventura onde os trejeitos da vida de Espinosa tornam fascinante acompanhar a investigação. Já achei que Espinosa era uma mistura dos delegados e advogados que povoam os livros de Rubem Fonseca. Mas, enfim, acho que a assiduidade de Garcia-Roza ao seu personagem fortaleceu Espinosa e lhe deu status de original. Hoje, Rubem Fonseca, Patrícia Melo e Garcia-Roza dominam a produção de romances policiais brasileiros.

Uma sucessão de crimes sem explicação, um hostil ambiente policial corrompido e algumas mulheres circulam na história, tirando Espinosa de sua rotina diária de comida pré-fabricada e visitas aos sebos da cidade. Como conhecemos os recantos mencionados por Garcia-Roza, temos a vantagem de imaginar os acontecimentos em locações reais. Isto fica mais difícil quando a narrativa é em Manhattam ou Beverly Hills. A loja de quibes na Galeria Menescal, o restaurante La Trattoria ou a praça do bairro Peixoto podem ser visitadas por qualquer morador do Rio. Quanto à trama, o autor toma o cuidado de abrir as opções de solução da história, de modo que só perto do final as coisas se esclarecem. Enfim, tudo como sói acontecer num bom romance policial.

A história está pronta para virar filme. A personagem da mulher dominada pela imagem de um assassinato assistido da janela do apartamento é boa referência a Hitchcock e permite preparar elegante sucessão de imagens para os créditos iniciais do filme. Mas, fiquemos com o livro. Garcia-Roza acertou mais uma vez produzindo um livro delicioso de se ler. É livro para um fim de semana.


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opinião dos leitores sobre o artigo acima ( ver artigo )

13.05.2002
Acabo de descobrir e me encantar com o autor!
Não me atrevo a fazer uma crítica literária, mas seguramente se a fizesse, seria cheia de entusiasmo e aplausos.
Uma pequena sugestão aos editores, é de na próxima tiragem, como faz Perez-Reverte em seu livro passado em Sevilha, incluir um mapinha do Rio (Peixoto), para quem, como eu embora conhecendo mais ou menos o Rio esqueceu um pouco da sua geografia.
Saudações e Parabéns
Alberto Villares


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