O melhor filme de 2007, eu vi em 2008. A Vida dos Outros é uma jóia de cinema. Foi escrito e dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck. Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2007.
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Tropa de Elite, de José Padilha
retrato da elite da tropa. quem é polícia? quem é bandido?
Meninos, eu vi! O filme foi copiado para a rede. Tropa de Elite é show! Os envolvidos já foram presos. Devem ficar na cadeia. Pausa. Renan Calheiros, entretanto, não deve ir para trás das grades. Fecha pausa. Depois que a cópia caiu na rede, o povo passou a “baixar” o filme e o mercado paralelo virou festa. Continue lendo “Tropa de Elite, de José Padilha”
Elsa e Fred – Um Amor de Paixão [Elsa y Fred] de Marcos Carnevale
Os argentinos continuam de sacanagem com o cinema brasileiro. Estão humilhando! Sem se preocuparem em fazer grandes produções, eles mantêm a rotina de fazer bons filmes, utilizando bons roteiros. É por aí que eles expõem nossa incompetência para fazer cinema. Continue lendo “Elsa e Fred – Um Amor de Paixão [Elsa y Fred] de Marcos Carnevale”
Garota de Ouro [Million Dollar Baby] de Clint Eastwood
clint eastwood embarca na pieguice
O cinema americano desandou. Fiquei estupefato com o filme de Clint Eastwood. O eterno mocinho do faroeste espaguete sabe muito de cinema. Ele não veio para inventar, mas suas obras, com particular destaque para Imperdoáveis (Unforgiven), mostram que o homem entende do ofício e está bem posicionado como produtor e diretor de filmes – como dizer? – arrumados. Pois é, a idade bateu. O velho Clint dá sinais de caducar. Seu filme Garota de Ouro (Million Dollar Baby) é quase ruim. É um show de pieguice e lugares comuns sentimentais em filme pré-fabricado para atender aos critérios da disputa pelo Oscar. Clint abusa das fórmulas para fazer filme para o povão americano, apelando de todo jeito. Dessa vez ele radicalizou. Se filme mostrando sagas de vencedores faz sucesso, se filmes tratando de deficientes físicos toca o coração e a carteira do público, por que não juntar as duas coisas? O diretor faz isso com uma mão tão pesada que chega a dar constrangimento em quem tiver um mínimo de senso crítico e não se entregar às armadilhas vulgares que ele utiliza para extrair lágrimas da platéia. Os sintomas do golpe engendrado pelo ambicioso diretor são óbvios. Ele cria um trio de alta receptividade para as platéias. Um é o próprio Clint Eastwood, atuando bem como o treinador Frankie Dunn, cheio de culpas com a filha – ou seria um diretor de cinema cheio de culpa com o produto do seu trabalho? – que encontra a filha que todo pai queria ter. Tem também o sempre correto Morgan Freeman, como o coadjuvante que amarra as situações e faz a história andar. E tem a menina de ouro, Hilary Swank, fazendo a lutadora de boxe Maggie Fitzgerald, que é o melhor do filme. Swank tem uma beleza estranha, às vezes rude, às vezes terna, e defende seu pesado personagem com garra extraordinária, tornando-o minimamente assistível. A atriz é realmente uma força da natureza. Lembram de Meninos Não Choram (Boys Don’t Cry), onde Swank é um menino? Seu rosto anguloso lhe deu agora os recursos necessários para encarar o papel de boxeadora. A atriz não baixa a guarda em nenhum momento da interpretação. Já levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama. Swank põe na sombra até Morgan Freeman, que não é bobo e soube se colocar no canto do ringue, garantindo o brilho como coadjuvante.
E a história? Se você está com problemas e quer se entregar à terapia da emoção e choro livre, vá fundo. Conforme o filme se encaminha pro final, Clint Eastwood, arrebenta a boca do balão e mergulha na tragédia. Ele simplifica o mundo e produz falhas graves de aderência à realidade. Passa por cima da lógica, talvez por falta de tempo, produz um final de filme que oscila entre o seríssimo e o ridiculamente sentimental. Mas o que está valendo é jogar a emoção da platéia na lona e obter os votos da Academia do Hollywood. Este é o jogo sujo do diretor. Ele pode ver o público americano como um bando de espectadores embotados que precisam de doses cavalares de adrenalina para sair do coma de um povo que elegeu Bush por uma segunda vez. Mas, para alguém semidesperto, a presepada pomposa do filme é torturante. Tirando o trio ternura central, o resto dos personagens são um desfile de caricaturas. A cena do hospital, com a família gulosa da lutadora, é constrangimento para se ruborizar e virar o rosto. A musiquinha de fundo, feita para dar o tom da lágrima que corre, vira o estômago. Resumindo, é pura apelação.
Para não dizer que não há mais nada a se falar sobre o filme, ainda há comentário negativo a ser feito. O treinador passa a sua pupila a preocupação com “se proteger todo o tempo”. Isto é parte central do enredo. Esta ênfase em se proteger parece coisa liminar ou subliminar do medo americano de hoje. Eles estão certos que se descuidarem e olharem pro lado, qualquer subdesenvolvido pode violar uma regra e fazer uma bomba nuclear. Sei não. Essa mensagem do filme pode ser produto da mediocridade de visão do mundo que a sociedade americana tem hoje, pode ser minha paranóia intelectualizada ou pode ser o Alzheimer que chega para Eastwood.
[Ernesto Friedman]
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aos Treze / Thirteen
show de interpretações em filme instigante
É algo de diferente nas telas. O impacto é semelhante ao soco no estômago que Kids (1995) provocou. Este Thirteen é um pouco mais família e não trata da Aids, mas a excursão no mundo juvenil é arrepiante. Filmes instigantes, com baixo orçamento, temas atuais, tratando de comportamentos de uma época, com interpretações magníficas são bom caminho para estreantes brilharem. A diretora Catherine Hardwicke usou bem a fórmula, fez seu primeiro trabalho para a gente não esquecer e já começou sendo premiada no festejado Festival de Sundance. É fato que ela contou com duas ajudas fundamentais: as atuações magníficas de Holly Hunter e da menina (ela nasceu em 1987!) Evan Rachel Wood. Esta última tem uma performance de quem está possuída pelo personagem. Magra e alta, com 1,70 metros de altura, olhos azuis bons de câmera, a moça ocupa a tela todo o tempo e cava seu futuro promissor no cinema. Vamos vê-la muito por aí. Uma estrelinha de primeira grandeza.
Aos Treze (Thirteen) mostra, em ritmo acelerado, a transformação de Tracy (Evan Rachel Wood), uma menina introvertida e (como dizer?) normal, de família pobre de Los Angeles, chefiada por uma ex-alcoólatra separada que tenta sobreviver como cabeleireira enquanto administra um caso com um ex-drogado. Enfim, um lar típico. O desajuste da família e a pressão do rito de passagem da idade, onde o desejo de ser alguém, ser reconhecida e fazer parte de um grupo levam Tracy ao envolvimento com a doida e gostosona da escola, Evie Zamora (Nikki Reed). Ela torna-se sua mentora no processo de largar os ursinhos e partir para a vida de pequenos furtos e acesso a drogas em geral. Curiosidade: a história real da atriz que interpreta Evie, Nikki Reed, foi que inspirou o roteiro do filme. Nikki deve ter tido uma infância dureza. A personagem Evie é o próprio demo, o guia perfeito para quem quer se afundar no mundo do vale-qualquer-coisa para se obter os prazeres máximos de nossos dias, quais sejam: consumo, fama e drogas. Notem que sexo não entra na lista e aparece para teen Tracy como tarefas a serem cumpridas dentro do ritual de iniciação na adolescência.
Se investigarmos mais a fundo, o roteiro do filme não traz nenhuma mensagem especial. Mostra as armadilhas das transformações dos adolescentes: drogas que todos os jovens experimentam e a maioria consegue ultrapassar e o piercing, que afinal todo moleque usa hoje em dia, aparece com conotações masoquistas. Tudo mostrado com a câmera na mão, que dá o tom convenientemente nervoso a narrativa, mas que deve ter sido escolhido por ser a solução mais barata e ajustada para um orçamento de filme independente. Fica o interessante das situações limites que conhecemos ou ouvimos falar e que tememos que aconteçam com nossos filhos. A heroína Tracy embarca fundo na viagem de ficar grande. Para carregar mais as tinturas do personagem, a menina é histérica e anoréxica ou é histérica porque é anoréxica, não importa, com tendências autoflagelantes inteiramente afinadas com estes tempos de piercings e tatuagens. Isto pode justificar a forma acelerada e pouco crítica com que Tracy abraça a vida de roubar, se drogar e participar de qualquer festinha para ganhar status de alguém fora da multidão. O filme peca nas tintas fortes do roteiro. A natural sensação de que nossos filhos podem se envolver nestas ameaças, como drogas e roubo, são artifício eficiente para garantir a atenção de um mercado adulto que sai perplexo e aterrorizado com o mundo de perversão que ronda seus filhinhos na rua. O filme mostra como a “a juventude está perdida”. Infelizmente, a juventude, por definição, sempre está perdida.
O melhor do filme é a combinação da atriz antiga, Hunter, e a nova, Wood, como gerações diferentes mostrando competência. O esforço da mãe, tentando manter contato com a filha apesar de todos os condicionantes de sua vida miserável, é realista. A mãe Mellanie (Holly Hunter) convence pelo exibição de mais um caso de fracasso de comunicação onde ninguém é totalmente culpado ou inocente. A cena final do filme é uma convergência de emoções. Uma bela visão da leoa que lambe as feridas de sua cria. De novo, Holly Hunter deixa sua marca.
F para Falso
um ensaio sobre o falso e as simulações
Recentemente escrevemos sobre Matrix, ainda em cartaz e fazendo carreira de sucesso no Rio. Depois disso, recebemos alguns pedidos para comentar o filme O Show de Truman (1998). Os pedidos vieram sempre relacionando os dois filmes. O que eles têm em comum? Continue lendo “F para Falso”