O Som ao Redor

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Como ficar rico a qualquer custo
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Bom filme. Vale pagar o ingresso. Algo de novo para se ver. O diretor pernambucano Kleber Mendonça traça um retrato instigante de nossa sociedade através da visão acurada de um condomínio (ou quarteirão) de Recife. É como um quadro bem pintado. As cenas se sucedem como pinceladas de um quadro geral que assistimos a construção. Nem precisava amarrar um final. Se o filme fosse cortado de repente, já era vitorioso.

Os artistas se saem bem. O garoto descendente da oligarquia, pouco atento às diferenças de classe que o cercam, chega a parecer boa pessoa. É apenas um anestesiado pela indolência da classe dominadora. Os serviçais e humildes circulam no entorno dos ricos tirando o proveito que puderem. São cerca de dez personagens apresentados com detalhes suficientes para torná-los relevantes na paisagem da obra. A tensão da vida nas grandes cidades é a presença constante. Sempre há um som ao fundo. O som ao redor?

Tudo acontece e nada acontece. A vida corre como sempre correu, afortunados e desafortunados. Uma distribuição imobilizada. Se você é de classe média, vai se ver nas situações apresentadas. Seja a reunião de condomínio ou a empregada que quer dormir na cama de uma patroa.

O diretor brilhou. As castas de Boa Viagem (ou do Brasil) nunca foram mostradas com tanta precisão. Parabéns.

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