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Como ficar rico a qualquer custo
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bonito distrito de Friburgo recebe visitante saudosista
chegar – dormir – passear – comer&beber – comprar
Nostalgia. Lá pros tempos de 1975, um amigo, o Antonio, soube que a TV Globo havia feito reportagem sobre o alcoolismo e usara imagens de uma cidade do Estado do Rio que, apesar de não ser muito longe da capital, tinha acesso ruim e mantinha certo isolamento. O lugar apresentava algumas belezas naturais preservadas pela ausência do homem branco, digo, dos civilizados da cidade grande. Era Lumiar. Uma viagem de fim de semana mostrou um vilarejo com algumas casas em volta de um lago e uma pequena praça se fazendo de centro da cidade. A falta de luz elétrica (havia um gerador que mantinha as luzes reluzindo como fracas velas até nove horas da noite) e de telefone dava o tom da distância de Lumiar ao Rio. A primeira viagem nos encantou com a idéia de fins de semana longe de carros, televisões e toda a parafernália que o progresso proporcionava. Para vocês atentarem: naquela época não havia celular ou microcomputador! Pra quê tanta tecnologia? Para quê televisão, se podíamos ficar à beira do fogão de lenha, mexendo no fogo, enquanto a conversa com os amigos corria vagarosa. Para olhar tinha o céu de Lumiar, desimpedido da iluminação das ruas, onde as estrelas pareciam querer descer sobre nós. Nas noites frias, sentados na rua, assistíamos as estrelas cadentes que passavam em sua eterna pressa, riscando o céu. Para os ouvidos, tínhamos a lagoa da praça da cidade, um celeiro de sapos martelos que enchiam a noite com seu ritmado coaxar. De dia, à guisa de atividade física, caminhadas e um banho de rio era o esforço maior que os descolados freqüentadores da cidade praticavam. Havia também as viagens para ir e voltar de Lumiar. Como a estrada era de terra, o percurso era como a passagem por um portal que nos levava àquela cidadezinha dentro do mato. Quando chovia, uma viagem que demorava 3 horas, podia chegar a 7 horas. Era um rali para vencer os atoleiros. Era tudo farra. E assim foi por muitos anos.
Aos poucos a cidade cresceu. A estrada asfaltada chegou no fim do mandato do governador Chagas Freitas, por puro interesse eleitoral. Foi só uma camada de asfalto para comprar os votos da região. A estrada se desfez em buracos e deslizamentos já no ano seguinte a sua inauguração. Mas o portal para Lumiar fora escancarado, o progresso podia chegar. A cidade vizinha de São Pedro começava a se desenvolver com gente mais empreendedora. Conta-se que uma onda de argentinos deu início ao crescimento mais sofisticado de São Pedro. Lumiar, entretanto, sempre teve tendência a atrair os menos abastados, que se apaixonavam por suas coisas simples. Assim, com pouco dinheiro era possível comprar cachaça no alambique da cidade ou fazer uso de uma droga alternativa. A natureza incentivava. De fundo musical, havia a composição com o nome da cidade que Beto Guedes fez e transmitia bem o espírito indolente do lugar.
Nos anos recentes, a cidade passou por processo mais acelerado de crescimento. A região entre o rio Macaé e o centro da vila foi tomada pelos lotes padrão (12mx30m) e as casas pipocaram. Do outro lado do rio, uma planície resistia. Eram os grandes terrenos de seu João Grande, seu Manoel Augusto e seu Spitz. Todos idosos, morreram nos últimos anos deixando as terras para as famílias. Os terrenos foram loteados e, hoje, se contam às dezenas as casas que ocupam a grande área que outrora foi tomada pelas bananeiras e plantações de tomates. Para dar a medida da vitória da civilização que chegou, o belo perfil das montanhas onde se apreciava o por do sol, foi agraciado com uma torre de cerca de 30m de altura, para abastecer o sinal dos celulares dos novos lumiarenses.
Pois bem, Lumiar ainda existe. Mas as estrelas estão escondidas pela luz das ruas e das casas. Os sapos, estes desapareceram da lagoa da cidade. Uma revitalização da área construiu um degrau na borda do lago que não deixava os sapos saírem da água para cantar nas ruas em volta. Os que não morreram afogados meteram-se por uns canos de água e foram embora, em busca de lugar mais aprazível.
A casa que domina a praça Carlos Maria Marchon (ver foto), antiga sede da Fazenda Lumiar, hoje abriga um conjunto de lojas e restaurantes. A região tem grande número de pousadas. Empresas especializadas organizam passeios e esportes radicais em seus rios. É outra proposta, mas ainda é agradável.
Chega-se a Lumiar em viagem de 2h30min a partir do Rio de Janeiro. Pegar a ponte Rio-Niterói e a estrada Niterói-Manilha, seguindo depois na direção da região dos Lagos até Itaboraí. Há um retorno de cerca de 1km e toma-se a estrada que liga Itaboraí à Cachoeiras de Macacú. Esta estrada foi privatizada, os antigos quebra-molas continuam, mas estão melhor sinalizados. Depois, é subir a serra para Friburgo. Em Muri, cerca de 7km antes de chegar a Friburgo, aparece a entrada para Lumiar. São 22km asfaltados até o centro da vila.
Nas terras que eram de Manuel Augusto, seu filho Eledyr (todos conhecem como Lédio) e a esposa Nazaré mantêm a pequena Pousada do Vale (foto ao lado). É um lugar para quem quer conhecer a Lumiar de antigamente, com sua simplicidade cativante. O destaque é o café da manhã oferecido pelo casal. Vem gente de outras pousadas só para curtir o aipim, inhame, suco de laranja, ovo, tudo produto do local, saído da plantação e criação ali do lado.
Lumiar é indicada para se passear pelas estradas por perto da cidade. Os rios da região criam pontos de grande beleza. Os “poços”, como o Poço Feio e o Poço Verde são lugares interessantes de se ir. Cuidado com os banhos de Rio. A região apresentava um dos mais altos índices do país para mortes por afogamento. Os turistas, impressionados com a beleza das águas, são vítimas potenciais dos acidentes nas correntes dos rios. Atenção.
O Restaurante Bromélias (tel. (22)2542-9938 ) fica na praça principal da cidade. Tem menu variado que permite experimentar de truta ou a picanha. O queijo de cabra, servido de entrada temperado com ervas, é boa escolha. O vinho tem bom preço e o atendimento é agradável e profissional.
O passeio a São Pedro mostra um centro algo equivalente à Rua das Pedras de Búzios (com as devidas proporções). Vários restaurantes e lojas se alinham criando o espaço para o passeio na cidade. O Dê Gastronomia (tel. (22)2542-3204) é um exemplo. Comida francesa pode ser praticada por lá. Os pães, patês e doces formam a base para saborear o café espresso. Boas pedidas são o patê de campaign ou, para sobremesa, a mousse crocante.
O Lumiar é bom para comprar os produtos da agricultura local. O aipim e inhame são estupendos. Uma feira na hora de voltar permite ter em casa, durante a semana seguinte, frutas e legumes frescos. Uma aquisição clássica é trazer logo um cacho inteiro de bananas.
O alambique de Lumiar é famoso e os adoradores de cachaça podem aproveitar para repor seus estoques.
– Gustavo Gluto –
amooooooo Lumiar!!!!!! Espero voltar lá em breve!
Eu moro em Lumiar,e amo esse lugar,cheio de maravilhas e cachoeiras que são maravilhosas,restaurantes maravilhosos também e o shopping daqui é uma maravilha.
Gustavo,
A leitura do seu artigo nos traz boas lembranças das inúmeras vezes que nos hospedamos na Pousada do Vale, que naquela época (há 15 anos) ainda se chamava “Pousada do Tio Lédio”.
O Tio Lédio e a Tia Nazará nos acolheram com muito carinho, na verdade nos deixou tão a vontade que parecia até que estávamos na nossa casa. Naquela ocasião, minha filha estava com 6 meses de idade, e a Tia Nazaré nos deu todo o suporte. É temos saudades da Tia Nazaré e Tio Lédio. Ela cresceu, e eles praticamente aconpanharam o seu crescimento.
Até de um bingo, onde o prêmio era um perú (ave), eu participei com o Tio Lédio (ele ganhou o perú). Saudades. É temos que voltar.
É Gustavo, o seu comentário sobre o crescimento da cidade retrata muito bem o desequilíbrio e a forma desordenada que a bela Lumiar está submetida.
Lumiar continua maravilhosa e não pode se curvar a loteamentos como se fosse uma zona urbana, e para isto teremos que cuidar para manter o equilíbrio, promover a cultura da sustentabilidade e preservação, que de certa forma já existe para os seus habitantes de Lumiar, mas que geralmente é ignorada pelos seus visitantes, alguns é claro, que trazem da cidade grande os maus hábitos e a má educação urbana, que degradam, que poluem, etc…
Gustavo, parabéns pelo belíssimo artigo.
Jorge Velloso
Respondendo: Obrigado Jorge pelo comentário. Podemos dizer sobre Lumiar que estivemos entre aqueles que saborearam o lugar certo no momento certo. Um grande abraço. Gustavo.
Hello pessoal! pois e….Lumiar e um paraiso e deixa saudades em todas as pessoas que um dia se contagiaram por este lugar paradisiaco.
Hoje moro em Miami Beach mas nao vejo a hora de passar uns dias no Brasil, e com certeza, irei a Lumiar tomar muito banho de Cachoeiras, comer uma comidinha da roca no Fogao a Lenha, fazer umas grande caminhadas pela mata adentro e poder voltar para os EUA, mais feliz….
A voces que ai estao, conservem este PARAISO, tomem cuidado com a Natureza, com as exploracoes indevidas, e por favor, ajudem a manter esse Ecossistema….um grande abraco …e, SAUDADES!
Ouvi falar muito bem de Lumiar e marquei uma viagem para lá este fim de semana! Estou anciosa e com grandes expectativas, ainda mais agora, com tantos elogios ao local… Quando voltar poderei falar com conhecimento de causa! rsrsrs
Então, até a volta!
Bj
Respondendo: Raquel, não esqueça de nos enviar alguma dica da viagem. Aproveite.
Minha família e eu nos apaixonamos tanto por Lumiar que tomamos uma atitude radical e moramos lá por 4 meses.
gostaria de saber , já que não aparece nenhum telefone de contato sobre esportes radicais, tem tem alguma empresa que explora na região? gostaria muito de praticar…. e outros telefones de pousadas…
Respondendo: O artigo é genérico sobre Lumiar. Deixemos aqui seu comentário para ver se chegam informações sobre esportes radicais na região.
Estive em Lumiar e achei uma cidade maravilhosa de pessoas encantadoras e muito receptivas tenho muita vontade voltar em Lumiar pois foi inesquessível
recebido por e-mail:
Anos 80. Muito legal!Enchi os olhos de saudade alegre. Conheci Lumiar no início dos anos 80 e era desse jeitinho, bom de lembrar. Chuva de granizo na hora do banho de rio, menos frio era dentro dele. Uma pontezinha na praça (acho) e um cantinho de vender comida natural, estrada de terra e a corredeira no quintal pro banho da manhã. Valeu!
recebido por e-mail:
Pois olhe, Seu Gustavo, concordei em quase tudo que você disse sobre Lumiar – Totonho e Piazza, meus amigos, moram lá. O povo é de uma cordialidade que bate forte na emoção. O que ‘mata’ a região é o uso de agrotóxico – os pimentões, que paidéguas!. O veneno já começou a atacar a saúde dos nativos (e nativas formosas!). Andei, recentemente, na região e fiquei abismado com o exegero. É cada batatão de encher os olhos, não é mesmo Gustavo? Pois é, tudo contaminado. O pior de tudo é que não encontrei um produtor orgânico na região – nem sei se é possivel. Lumiar, vive hoje a segunda fase da chamada ‘urbanização’ mas, mesmo assim, resiste com seus encantos naturais e um convite ao ‘fazer nada’. Lumiar me inspira. Gostaria de provar da sua comida – sem herbecida.
Luiz Pucú